Cerca de 4,8 milhões de pessoas morrem anualmente nas Américas por doenças não transmissíveis, sobretudo por enfermidades cardiovasculares, câncer, diabetes e problemas respiratórios crônicos. Os dados são da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), que reuniu especialistas de 29 países em Ottawa, na semana passada, para debater o impacto dessas patologias e desequilíbrios metabólicos na população jovem.
Trinta e cinco porcento dos óbitos causados por problemas de saúde não transmissíveis são registrados entre indivíduos com menos de 70 anos de idade. A Agenda 2030 da ONU prevê a redução em um terço dos falecimentos causados por doenças crônicas e que não são passadas de uma pessoa para outra.
Em encontro no Canadá ocorrido nos dias 11 e 12 de abril, especialistas da OPAS e dos Ministérios da Saúde de seus Estados-membros concluíram que, apesar dos esforços já empreendidos por países das Américas, serão necessários mais investimentos para bater a meta estipulada pelas Nações Unidas.
Atualmente, 14 nações e territórios americanos já têm previsão de reduzir em 15% a mortalidade prematura associada às doenças não transmissíveis, ao longo dos próximos anos. Entre as causas dessas enfermidades, estão sobretudo fatores comportamentais e hábitos prejudiciais ao bem-estar humano, como o tabagismo, alimentação pouco saudável, consumo excessivo de álcool e sedentarismo.
Durante a reunião, países compartilharam boas práticas para reduzir o consumo de tabaco, combater a ingestão abusiva de bebidas alcoólicas e promover a alimentação saudável. De acordo com as informações disponibilizadas pelos Estados-membros da OPAS, ao menos 17 deles têm políticas para a proibição do fumo em determinados espaços e outros 15 implementarem advertências de saúde em embalagens de cigarros.
Nas Américas, mais de 20 nações já contam com campanhas sobre alimentação equilibrada e iniciativas de incentivo à prática de atividades físicas. Quatorze países desenvolvem ações específicas para levar a população a diminuir o consumo de sal.
Segundo as autoridades reunidas em Ottawa, medidas como taxações especiais sobre tabaco, álcool e bebidas açucaradas, bem como proibições de publicidade e mesmo da venda de cigarros e produtos alcoólicos se mostraram eficazes. Outras estratégias, como a substituição da gordura trans por gorduras não saturadas na formulação de alimentos ultraprocessados e o estímulo à lactância materna, também foram elogiadas.
A pauta dos debates também incluiu a necessidade de melhorar a atenção primária para aprimorar o diagnóstico e o tratamento das doenças não transmissíveis. Acesso a medicamentos e a vacinas — contra o HPV, para prevenir o câncer de colo de útero, e contra a hepatite B, para combater o câncer de fígado — também foi apontado como uma questão crítica no enfrentamento às enfermidades.
Organizado em parceria com a Agência de Saúde Pública no Canadá, o evento marcou também os 20 anos da Rede CARMEN, sigla para Conjunto de Ações para a Redução Multifatorial de Enfermidades Não Transmissíveis. Iniciativa começou com apenas cinco países — Canadá, Chile, Costa Rica e Porto Rico — e hoje engloba todas as nações das Américas.