O vídeo divulgado pela prefeitura de Caxias nas redes sociais, em que o prefeito Daniel Guerra (PRB) aparece, ao telefone, cobrando um médico que estava em greve na quinta-feira, 2 de março, por não estar no trabalho, fará com que Guerra se explique na Justiça. Isso porque o Sindicato dos Médicos processará o administrador municipal por assédio e dano moral, além de intimidação do profissional em greve.
Na segunda, 06 de março, o Conselho Regional de Medicina do RS (Cremers) entrou com uma representação junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT) também em função da exposição pública do médico.
Em vídeo divulgado na terça-feira, 7, o presidente do Sindicato, Marlonei dos Santos, também afirma que o material divulgado por Guerra foi montado:
— O prefeito de Caxias ligou para um médico, o ofendeu, chamando-o de irresponsável, negligente e não cumpridor de suas obrigações. Depois disso, ele montou uma farsa, um vídeo falando lentamente e calmamente com o médico e sem ofendê-lo. O médico foi xingado, foi exposto, mas isso não apareceu no vídeo — disse Marlonei.
Confira o vídeo na íntegra:
A reportagem do Pioneiro tentou contato com o médico que atendeu ao telefonema de Guerra, mas não obteve retorno. Marlonei diz que o profissional não falará com a imprensa por enquanto e que, depois do ocorrido, está fazendo tratamento com psiquiatra.
Por meio da assessoria de imprensa, a prefeitura de Caxias do Sul afirmou que não foi notificada oficialmente sobre os processos na Justiça. Sobre a denúncia do presidente do Sindicato Médico, de que o vídeo publicado “é uma farsa”, a assessoria garante que o material, como todos os demais vídeos da TV Cidade (produzidos pela assessoria de comunicação), foi editado, mas não cortado. O vídeo teria mais de três minutos de duração – o material publicado no Facebook da prefeitura tem 1 minuto e 40 segundos. Porém, a assessoria afirma que a parte que foi editada não é a fala do prefeito ao telefone. A reportagem do Pioneiro solicitou o vídeo na íntegra, mas o envio não foi autorizado. A justificativa dada pelo poder público é de que “a publicação do vídeo na íntegra possibilitaria a identificação do profissional e a prefeitura tem por objetivo preservar os servidores”. Porém, a assessoria não detalhou como essa identificação ocorreria, nem confirmou se Guerra fala o nome do profissional durante a ligação.
Sobre a exoneração dos médicos, Marlonei afirma que, desde segunda, cerca de 12 profissionais pediram desligamento do serviço público. A secretaria da saúde não confirma a informação.
Fonte: Pioneiro