Reconhecida desde 1993 como emergência global pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a tuberculose é apontada como uma das doenças mais desiguais do mundo ocorrendo, em sua grande maioria, nos países subdesenvolvidos. Trata-se de uma doença infecto-contagiosa, transmitida pela bactéria (Bacilo de Koch) e afeta principalmente os pulmões, podendo atingir outros órgãos como os rins e membranas que envolvem o cérebro.
Apesar do número de casos ter reduzido no Brasil, em 20%, nos últimos 10 anos, o país ainda permanece entre os 20 que apresentam mais casos da doença, ocupando a 16ª colocação. De acordo com o último relatório do Ministério da Saúde, divulgado em 2015, hoje são 30,9 casos para 100 mil habitantes. Segundo a mesma pesquisa, o Brasil apresentou 63.189 notificações naquele mesmo ano e 2,2 óbitos para cada 100 mil pessoas. Recentemente, a ONU divulgou um estudo global que apontou 70 mil novos casos notificados, por ano, no planeta.
Com cerca de 95% dos óbitos ocorridos nos países em desenvolvimento, a tuberculose tem como um dos principais sintomas a tosse forte, que muitas vezes pode não gerar desconfiança de tuberculose. “O paciente apresenta febre, perda de peso e muita tosse, que pode ser seca, com escarro ou sangue. Se a pessoa estiver tossindo por mais de três semanas, é possível acender um alerta para tuberculose e procurar um médico”, explica o professor da Escola de Medicina da PUCRS e pneumologista, Gustavo Chatkin.
Como a tuberculose é transmitida por uma bactéria, para diagnosticar a doença é necessário que primeiro o paciente passe por um exame de raio-x e de escarro, para que o especialista possa identificar o bacilo. “Encontrar a bactéria é crucial para o diagnóstico. Após os exames, o paciente deve fazer o tratamento de seis meses através de antibióticos. Somente em casos selecionados, o tratamento pode se estender um pouco mais”, salienta Chatkin. O pneumologista ainda destaca que as medicações são oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e as consultas são agendadas a cada 30 dias. Em Porto Alegre, o posto Modelo e Sanatório Partenon são alguns dos centros de referências contra a tuberculose, onde pacientes podem retirar os remédios.
Sobre a prevenção, Chatkin explica que a melhor forma é tentar identificar algum sintoma na pessoa que está próxima, além da vacina. “Ainda a melhor forma de prevenir é a vacina BCG e tentar identificar os que estão com o vírus para tratamento imediato. Isso reduz a chance de contaminação do ar”, esclarece.
Chatkin também afirma que os índices do Brasil seguem elevados por causa da falta de acesso à saúde. “A tuberculose está muito ligada às condições sociais e aglomeração de pessoas como em presídios superlotados, por exemplo. Por isso, os números são extremamente mais significativos nos países pobres. E um dos principais problemas é a população não ter o acesso que deveria a medicamentos, fato que ainda ocorre no Brasil”. O Ministério da Saúde já se comprometeu a reduzir em 95% os óbitos e em 90% o coeficiente de incidência da doença até 2035.
Porto Alegre tem a maior incidência de tuberculose entre todas capitais
Conforme dados recentes do Ministério da Saúde, divulgados em 2014, Porto Alegre registra o maior índice de casos de tuberculose entre as capitais. São 99,3 casos por 100 mil habitantes. A taxa de mortalidade é de 4,5 casos por 100 mil habitantes, ficando atrás apenas de Cuiabá, com 5,6 casos. O Rio Grande do Sul também apresenta números altos. Segundo o mesmo relatório, o Estado também possui índices maiores que os da média nacional. São 39,2 casos de incidência, contra 30,9 e 2,3 de taxa de mortalidade contra e 2,2 do Brasil.
Fonte: Simers