Déficit de médicos, atrasos salariais, unidades de saúde fechadas e precários vínculos empregatícios. Esses são alguns dos problemas enfrentados por médicos e moradores de São Carlos, cidade a cerca de 240 quilômetros da capital paulista. “A situação em São Carlos é muito grave”, avalia Eder Gatti, presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp). “Existe um problema sanitário grave no município”, acrescenta.
Afinal, houve uma considerável redução do corpo clínico desde que a Prefeitura encerrou a contratação de médicos por Recibo de Pagamento Autônomo (RPA) de forma abrupta, sem alternativa de substituição. Ao cessar esse tipo de contratação, além de reduzir o número de médicos atuando na cidade, a Prefeitura ainda ficou devendo dois meses de salários para esses mesmos profissionais.
Devido à redução do número de médicos, duas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) foram temporariamente fechadas e os atendimentos de urgência e emergência agora têm se concentrado na Santa Casa do município sem qualquer aporte financeiro, material ou de recursos humanos à instituição. O aumento do atendimento levou a uma sobrecarga no serviço, comprometendo a qualidade e causando tempo de espera que chegam a passar de quatro horas.
Até o momento, na tentativa de resolução do problema, a Prefeitura convocou cerca de 20 médicos aprovados em concurso anterior e mais cerca de 50 em um processo seletivo emergencial. Isso, no entanto, não cobre o déficit de 150 médicos apresentado pela própria prefeitura. A ideia, agora, é realizar um concurso público para contratação do restante dos médicos, embora a prefeitura não descarte a terceirização por meio de alguma organização social.
O Simesp continuará acompanhando a evolução da situação de São Carlos, lutando sempre contra a “pejotização” e quarteirização do trabalho médico. Além disso, o Sindicato acionará a prefeitura administrativamente requisitando o pagamento de dois meses de pagamentos atrasados que a prefeitura ainda deve aos médicos que trabalhavam por RPA.
Fonte: Simesp