O município de Petrolina, no Sertão pernambucano, foi responsável por captar seis dos dez corações transplantados no Estado nos dois primeiros meses deste ano. O número representa 60% dos procedimentos que foram possíveis após a doação de órgãos de pacientes que tiveram a morte encefálica confirmada. A cidade ainda captou 44% dos fígados (8 de um total de 18) e 39% dos rins (18 de um total de 46). Os 32 órgãos foram doados por 19 pessoas.
O esforço para possibilitar as doações vem da parceria entre a Força Aérea Brasileira (FAB), responsável pelo transporte dos órgãos (principalmente coração) até a capital pernambucana, e a Organização de Procura de Órgãos (OPO) do Hospital Dom Malan (HDM), localizado em Petrolina.
“Nosso trabalho é diariamente checar nas unidades hospitalares de Petrolina se há potenciais doadores para, a partir disso, realizar todos os protocolos necessários. Esse é um trabalho que precisa de agilidade, para que os órgãos não percam suas funções vitais, mas também de muito cuidado com a família e de preparo para o recebimento da notícia do falecimento do parente que está por vir. Além disso, precisamos explicar todo o processo da doação e a importância desse ato para os pacientes que estão em fila de espera, como também tirar todas as dúvidas para que a família tenha a autonomia necessária para decidir favorável pela doação”, afirma o coordenador médico da OPO Dom Malan, Pedro Carvalho.
Apesar de ter sua sede administrativa no Hospital Dom Malan, a OPO Dom Malan faz a procura por potenciais doadores em diversas unidades de saúde de Petrolina, tendo o Hospital Universitário da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) como principal centro de doação. Todos os órgãos captados são encaminhados para o Recife e ofertados para quem está na vez na fila de espera.
A coordenadora da Central de Transplantes de Pernambuco (CT-PE), Noemy Gomes, reforça a importância do trabalho da OPO para ampliar o quantitativo de doações no Estado. “Petrolina vem se destacando como centro de captação de órgãos em Pernambuco. Isso é fruto da generosidade da população que autoriza o ato e de um trabalho sério e qualificado da OPO do município. Precisamos parabenizar esses profissionais e colocá-los como exemplo para as demais equipes do Estado”, ressalta.
Dados
Durante todo o ano de 2016, a OPO de Petrolina diagnosticou 113 potenciais doadores de órgãos. Desses, 55 efetivaram a doação (48,6%). O percentual é maior do que a média do Estado que, em 2016, tinha 508 potenciais doadores e, desses, 140 realmente fizeram a doação (27%). Os 55 doadores foram responsáveis pela doação de 162 órgãos e tecidos, sendo 96 rins, 42 fígados, 22 corações e 2 pâncreas. Em 2015, foram 45 doadores (ampliação de 22%) e 139 órgãos e tecidos (crescimento de 16%). Quando analisados os números de transplantes no Estado em 2016, Petrolina ficou responsável por captar 36% dos fígados, 33% dos pâncreas, 33% dos rins e 57% dos corações transplantados em Pernambuco.
Nos meses de janeiro e fevereiro deste ano, foram realizados 246 transplantes no Estado, um a mais do que o mesmo período de 2016. O destaque fica por conta dos transplantes de coração, que passaram de quatro nos primeiros dois meses de 2016 para dez em 2017, uma ampliação de 150%. Atualmente, Pernambuco possui 1.215 pacientes aguardando por um órgão ou tecido. O maior quantitativo é para um rim, com 805 pacientes, seguido de córnea (284), fígado (84), medula óssea (26), coração (12) e rim/pâncreas (4).
Fonte: Jornal de Commercio