A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que o Brasil permanece acima da média mundial no consumo de bebidas alcoólicas. O último dado coletado pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) destacou que no Brasil 73,9 homens a cada 100 mil habitantes morreram por causa do álcool em 2010, deixando o país na terceira posição entre os países das Américas. Entre as mulheres foram 11,7 a cada 100 mil habitantes.
O relatório também salientou que o maior fator de risco no consumo de álcool ocorre com adolescentes entre 15 e 19 anos, ultrapassando, por exemplo, o uso de drogas. Segundo o psiquiatra e analista Sérgio de Paula Ramos, os adolescentes brasileiros estão bebendo cada vez mais cedo.
“O que era alarmante beber com 14 anos, já passou para os 13, e agora, na última pesquisa, é de 12.8 anos. Isso é demasiadamente preocupante porque os jovens não estão preparados biologicamente para interagir com este produto chamado álcool. A entrada do álcool nesse cérebro juvenil e imaturo, cria novos circuitos neuroquímicos que vão alimentar a possibilidade deste jovem vir a ser um futuro alcoolista. Essa é a grande consequência”, enfatiza o psiquiatra.
O médico argumentou que a grande vilã do exacerbado consumo de bebidas alcoólica é a falta de uma política nacional de prevenção dos problemas decorrentes da ingestão da bebida. O governo federal há anos vem defendendo os malefícios da associação do álcool com trânsito, mas não pensa em combater o crescimento do consumo entre adolescentes.
“Quanto mais cedo a pessoa experimenta a bebida alcoólica, maiores são as chances de se transformar em alcoolista. Crianças que bebem com 12 anos tem 50% de chance de se transformarem em alcoolistas”, salienta Ramos.
Na bem-sucedida política antitabagismo no Brasil, foi proibida a propaganda e restringiu-se áreas de consumo em bares. O desafio agora é aplicar para o álcool.
“As pessoas acreditam que vender bebidas alcoólicas dá lucro para governo por causa dos impostos, mas isso é um engano. A receita é em torno de 2% a 3 % do PIB, e o prejuízo é de 5% a 6%. Então, nós perdemos de 3% a 4 % do PIB ao ano em pagar a conta do álcool. É um problema muito sério tanto do ponto de vista econômico, quanto do ponto de vista de saúde pública”.
Para o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), é necessária uma conscientização da população sobre os males que o alcoolismo provoca na vida do indivíduo. O diretor do Sindicato Germano Bonow defende maior fiscalização e controle nas vendas. “É uma realidade brasileira preocupante. As consequências do uso desenfreado destas substâncias vão além do que a população imagina, colocando este como um problema de saúde pública. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que mais de 200 doenças e quase 5,9% das mortes no mundo estão ligadas ao consumo de álcool”, enfatiza Bonow.
Fonte: Simers