Dados da Secretaria de Saúde de Joinville indicam que 22% das consultas requisitadas na rede pública não chegam a ser realizadas. Situações em que o servidor não consegue informar o horário ao paciente ou o usuário confirma o agendamento e não aparece no dia marcado – nesse caso, o absenteísmo foi de 14% em 2016. Isto significa que 37,5 mil pessoas disseram sim, mas faltaram ao compromisso. O número supera a oferta de consultas disponíveis à população em fevereiro deste ano (24,1 mil).
Não há uma pesquisa formal para identificar os motivos das ausências ou o cálculo do impacto financeiro. Os profissionais da secretaria sabem, porém, que facilitar a comunicação com a população e melhorar processos são os primeiros passos para reduzir incidências. Em 2014, o absenteísmo chegava a 30% e caiu para 22%, em 2016, apenas com melhorias internas. O pacote de mudanças, em fase de estruturação, será feito com recursos próprios e deve entrar em vigor em agosto, após campanha de conscientização, com a ajuda dos 37 conselhos locais de saúde e do conselho municipal.
O diretor executivo da secretaria, Jean Rodrigues da Silva, antecipou algumas medidas. Uma das principais novidades será a adoção do aplicativo de mensagens WhatsApp para diferentes serviços, entre eles o cancelamento de consultas e exames. Números do aplicativo antes utilizados por profissionais da secretaria estão sendo disponibilizados para comunicação com a comunidade, na proporção de um número para cada distrito: Centro, Norte e Sul.
O diretor alerta que a ferramenta não servirá como ouvidoria, será um canal para o cidadão encaminhar necessidades. Por telefone, a comunicação se torna mais difícil. Para se ter uma ideia, a Prefeitura recebe mais de 20 mil requisições de exames mensais, sendo 5 mil de maior complexidade. A expectativa é conseguir responder às demandas via aplicativo em até 24 horas nos dias úteis, em horário comercial. Para isso, remanejamentos e capacitação de servidores estão previstos.
Haverá, também, maior rigidez na marcação de consultas e exames. Atualmente, a equipe da Saúde oferece até três opções de datas. Se nenhuma delas é aceita pelo usuário, o nome não sai da lista, a secretaria aguarda três meses e liga de novo. A partir das mudanças, a negativa de data só será aceita pelo município quando se enquadrar em uma lista de justificativas estabelecidas pela secretaria.
– Vamos testar por um período, fazer ajustes, temos que nos aproximar da população – afirma.
Os técnicos perceberam, ainda, que avisar o usuário do agendamento com um mês de antecedência aumenta o risco de esquecimento ou o surgimento de imprevistos. Quando o pacote entrar em vigor, o usuário será avisado com até quatro dias de antecedência, e só será possível agendar a consulta se o cadastro tiver sido atualizado nos últimos seis meses. Os Pronto-Atendimentos serão habilitados a realizar o cadastramento. Hoje, 40% do público mensal é atendido em PA.
Sistema de informação único
A Secretaria de Saúde de Joinville se prepara para aderir, a partir de março, ao projeto do Sistema de Informação Único, organizado pela Associação dos Municípios do Nordeste de Santa Catarina (Amunesc). Com ele, será possível rastrear tudo o que envolve os recursos públicos na área da saúde e, com isso, reduzir a incidência de fraudes, os custos e melhorar a qualidade de atendimento ao cidadão.
Dada à maior complexidade, a implantação total do projeto levará dois anos e custará ao município nove centavos por habitante a cada mês, quase R$ 600 mil mensais. Para o diretor executivo, vale a pena. O gasto mensal apenas com exames é de R$ 2 milhões e a Prefeitura espera gerar economia a partir do maior controle dos processos. Os recursos para contratação da empresa vencedora da licitação da Amunesc já foram estimados no orçamento deste ano.
– Será possível conferir a autenticidade de atestado médico e de receitas, cada documento terá número sequencial e as informações sobre o procedimento que gerou o documento serão acessadas pela leitura do código de barras – explica o diretor.
O cidadão, por sua vez, terá seu histórico de atendimentos, receituários e exames em um único lugar. Uma das principais queixas dos profissionais de saúde, explica Jean Rodrigues, é não ter a informação completa do paciente.
No final, a expectativa é de que as mudanças previstas para 2017 e as que estão por vir nos próximos dois anos também reduzam a fila de espera para consultas. Em fevereiro, foram ofertadas 24.188 consultas, enquanto a demanda foi de 64.360 pedidos de atendimento.
Fonte: A Notícia