Muitos médicos dormem pouco ou quase nada em função de plantões e carga de trabalho. A rotina exaustiva destes profissionais, que cumprem, em média, 60 horas semanais, os coloca em uma posição de cansaço absoluto devido a sua dedicação, prejudicando também a sua saúde.
Os estudantes de Medicina vivenciam desde a faculdade a realidade de poucas horas para dormir e descansar. É o caso de Francisco José de Mendonça Junior, que está concluindo o curso. Em fase de estágio, ele conta que a intensidade do cotidiano coloca à prova a saúde de qualquer pessoa, especialmente quando se trata do profissional responsável por curar os demais. “Acordamos cedo para cuidar de nossas enfermarias sempre lotadas. Conversamos, prescrevemos medicamentos, realizamos procedimentos, solicitamos exames. Sono é um privilégio. Não temos fim de semana ou feriado. O doente não fica bem nesses dias. Seguimos com a vigília qualquer dia da semana e horário”, pontua.
Além do cansaço físico, Junior ressalta que existe o desgaste de lidar com a doença. A fadiga é grande, mas o médico precisa estar bem para garantir o melhor atendimento aos seus pacientes. “É difícil lidar com a ausência do sono, do descanso na manhã de sábado ou de domingo, mas tudo isso se torna gratificante quando sabemos que o seu João ou a Maria irão para casa”, afirma.
O especialista Marcelo Tadday Rodrigues, pneumologista do Centro da Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital São Lucas da PUCRS, afirma que as poucas horas de sono podem afetar a saúde de qualquer pessoa que durma pouco. No caso dos médicos, que enfrentam jornadas prolongadas e plantões noturnos com grande frequência, estes sintomas podem aparecer com maior facilidade.
As poucas horas de sono podem acarretar em sintomas indesejados, como desregulação da função cerebral, aumento do estresse e maior probabilidade de doenças relacionadas com o coração e diabetes. O médico alerta para a importância de se reservar mais tempo para o descanso. “A orientação, para adultos de 18 a 64 anos, é de cerca de sete a nove horas. Acima dessa idade, a quantidade diminui para sete a oito horas. A cada dia que se dorme menos do que o seu corpo pede gera um déficit de sono. Com o passar do tempo, ele acaba se somando a outras horas não dormidas gerando uma dívida de sono imensa, o que deixa o profissional potencialmente cada vez mais estressado”, explica.
Segundo o especialista, existem estudos que mostram os efeitos das poucas horas de sono sobre o desempenho e as tarefas que requerem atenção e concentração, por isso é essencial dormir bem. “É preciso instituir uma rotina de sono, como dormir sempre que possível no mesmo horário, evitar estimulantes como cafeína, evitar refeições abundantes e o álcool à noite. Utilizar o quarto para dormir e esse deve ser escuro e preferencialmente sem televisão, smartphones e tablets”, ressalta.
Fonte: Simers