Relatório elaborado pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) a que a reportagem do G1 teve acesso com exclusividade escancara a situação crítica da UPA do Jardim Macarenko, em Sumaré (SP). Faltam insumos básicos para o atendimento à população, como luvas, máscaras, agulhas, seringas e soro fisiológico.
A lista de materiais em falta é extensa. Antibióticos, analgésicos, anestésicos, fraldas pediátricas e geriátricas, além de materiais de segurança hospitalar desapareceram da farmácia. Dos materiais ainda presentes, o relatório aponta estoques baixos para dipirona em gotas e comprimido, fios de sutura, anti-inflamatórios e água destilada, entre outros. Relatórios da organização Pró-Saúde, que administra a UPA, apontam a lista de insumos em falta.
O atraso no pagamento de salários também afeta o atendimento. Médicos estão em greve desde outubro do ano passado e apenas casos de urgência e emergência são acolhidos. O documento foi encaminhado nesta quinta-feira, 19 de janeiro, para o Ministério Público (MP), Ministério Público do Trabalho (MPT) e Tribunal de Contas do Estado de São Paulo.
Caso de polícia
A Pró-Saúde chegou a registrar boletim de ocorrência no dia 11 de janeiro alegando descumprimento de contrato por parte da Prefeitura. A gestora cobra uma dívida de R$ 10,6 milhões referentes aos meses de outubro, novembro e dezembro de 2016.
‘É melhor fechar’
De acordo com Sílvia Helena Rondina Mateus, conselheira responsável pela delegacia do Cremesp em Campinas (SP), o sucateamento da UPA no Jardim Macarenko aponta para o fechamento da unidade de saúde neste momento. “Não adianta permanecer aberto sem condições para o atendimento à população. Com as portas fechadas, o paciente pode procurar um local que realmente tenha condições de atendê-lo”, opina.
Gestão
Ofício assinado pelo diretor da Pró-Saúde, entidade que administra a UPA de Sumaré desde agosto de 2014, enviado ao secretário de saúde, Carlos Eduardo Vicente, com cópia para o prefeito Luiz Dalben no último dia 11 de janeiro, pede, com urgência, solução no repasse de verbas para pagamento dos funcionários e compra de materiais.
Procurada pelo G1, a Pró-Saúde afirmou em nota que participou de audiência no Ministério Público nesta terça-feira, 17, para dar início às tratativas com o município. Sobre a falta de insumo, que por contrato, é incumbência da entidade gestora, a Pró-Saúde afirmou que é justamente a falta de pagamento da Prefeitura que inviabiliza a compra de materiais.
“A Pró-Saúde informa que enviou ofícios para a Prefeitura de Sumaré relatando a situação mas, até o momento, não recebeu retorno. O mesmo relato também foi feito ao Ministério Público“, diz a nota enviada nesta quarta.
Prefeito nomeia comissão
Questionada sobre os problemas apontados pele Cremesp e pela Pró-Saúde, a prefeitura informou que o prefeito Luiz Dalben nomeou uma comissão para analisar o contrato e a prestação de serviços por parte da gestora.
“A fiscalização está sendo realizada desde os primeiros dias do mandato, por meio da comissão nomeada pelo prefeito e que busca solução para por fim à greve dos médicos, realizada desde outubro de 2016 por atrasos de pagamento da gestão anterior”, diz a nota.
Sobre a responsabilidade do município nos problemas apontados pelo relatório do Cremesp, a prefeitura informa que “por meio do contrato, a Pró-Saúde é a responsável pela gestão total da UPA do Jardim Macarenko e do PA do Matão, provendo recursos humanos e materiais”.
Fonte: G1