Falta de tempo e medo de descobrirem doenças são as principais justificativas dos homens
José Moreira tem 47 anos e pelo menos duas vezes ao ano busca um médico clínico geral. O funcionário público afirma que, até o próximo ano, deve ir pela primeira vez ao urologista. “A gente fica adiando. Mas sei que tenho que ir a um especialista, até mesmo por conta da minha idade. E existem muitas doenças que são silenciosas”, comenta. Assim como ele, milhares de homens ainda possuem resistência em procurar urologista, que pode ajudar no diagnóstico precoce de doenças, entre elas, o câncer.
Um levantamento realizado da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia) evidencia que 51% dos homens com mais de 45 anos nunca tinham ido ao médico recentemente, justamente na idade em que as doenças começam a aparecer. Algumas das razões para isso justificadas na pesquisa foi, além da falta de tempo, eles se considerarem saudáveis e não precisarem ou medo de descobrirem doenças.
“Os homens ainda negligenciam sua saúde. Se fizermos uma comparação com o número de consultas ao ginecologista, por exemplo, é muito superior. Dados do Ministério da Saúde mostram que as consultas ao urologistas é de 3 milhões anualmente, enquanto ao ginecologista chega a 20 milhões. E isso é atribuído ao medo do homem de uma avaliação médica, seja do exame em si ou de descobrir uma doença”, afirma médico da rede credenciada Uniplam, urologista Giuliano Amorim Aita.
Pesquisa realizada pelo Instituto Lado a Lado pela Vida junto a 1.130 homens a partir de 18 anos de idade, de todas as classes sociais e nas principais capitais do país, mostra que a maioria (74%) foi ao médico uma vez nos últimos seis meses. O clínico geral é a especialidade mais consultada, 54%. Apenas 10% dos homens procuraram o urologista. Somente 10% realizaram exame preventivo de próstata, dentre eles, 17% estão na faixa acima de 60 anos mostrando que a realização de exames de detecção é feita tardiamente.
Apesar dos índices, o urologista Giuliano Amorim Aita, avalia que campanhas como o Novembro Azul, de conscientização sobre o câncer de próstata, ajudam a mostrar aos homens a importância da detecção precoce. “Temos que ressaltar a importância de ir ao médico preventivamente em vez de somente quando apresentar sintomas. Na grande maioria dos casos o câncer de próstata é uma doença silenciosa. Contudo, temos observado uma crescente busca por agendamentos de consultas durante o mês de novembro. O importante é que haja uma procura permanente”, pontua.
No Brasil, o câncer de próstata é o segundo tipo de câncer mais frequente em homens, após os tumores de pele. A doença pode demorar a se manifestar, exigindo exames preventivos constantes para não ser descoberta em estágio avançado e potencialmente fatal. Ela acontece quando as células deste órgão começam a se multiplicar de forma desordenada. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de próstata é o sexto tipo mais comum de câncer no Brasil.
“Se descoberto em fase precoce as chances de cura podem chegar a 90%. Dados do INCA mostram que teremos no Brasil 61 mil novos casos de câncer de próstata esse ano, sendo que haverá 13 mil mortes que poderiam ser evitadas com o diagnóstico precoce”, alerta o urologista.
Sobre o Câncer de Próstata
A próstata é uma glândula do aparelho reprodutor masculino, que pesa cerca de 20 gramas, de forma e tamanho semelhantes a uma castanha. Ela localiza-se abaixo da bexiga e sua principal função, juntamente com as vesículas seminais, é produzir o esperma.
Saiba Mais:
– Quais são os exames para detectar a doença?
A recomendação da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) é que homens a partir de 50 anos procurem seu urologista para discutir a prática e a realização da avaliação. Aqueles com maior risco da doença (história familiar, raça negra) devem procurar o urologista a partir dos 45 anos. Os exames consistem na dosagem sérica do PSA e no exame digital retal, complementares para o diagnóstico, com periodicidade anual.
– Quais são os fatores de risco para o câncer de próstata?
- Idade (cerca de 62% dos casos são de homens a partir dos 65 anos)
- Histórico familiar
- Raça (maior incidência entre os negros)
- Alimentação inadequada, à base de gordura animal e deficiente em frutas, verduras, legumes e grãos
- Sedentarismo
- Obesidade
– É possível prevenir?
Evitar a doença, não. Mas é possível diagnosticá-la precocemente, quando as chances de cura são de cerca de 90%.
– Quais são os sintomas?
Na fase inicial, quando as chances de cura são maiores, não há qualquer sintoma. Por isso a importância dos exames. Na fase avançada, quando a cura é mais difícil, o paciente pode sentir: vontade de urinar com urgência, dificuldade para urinar e levantar várias vezes à noite para ir ao banheiro, dor óssea, queda do estado geral, insuficiência renal, dores fortes.
– Quais são as opções de tratamento?
De acordo com a fase do tumor e as características do paciente, o médico poderá definir quais as melhores formas de tratamento. Nos estágios iniciais da doença (tumores localizados e localmente avançados) a prostatectomia radical é o tratamento padrão. Consiste em uma cirurgia para retirada da próstata e apresenta altos índices de cura.
Fonte: SBU