A fila na busca por remédios na Farmácia do Estado é vista diariamente por quem passa pelo Centro de Porto Alegre. A decepção de quem procura por medicamentos que estão em falta é constante. Uma matéria divulgada pelo jornal Zero Hora, em novembro, mostra que a seis quilômetros dali, no Almoxarifado Central, centenas de quilos de remédios são descartados todos os meses, por não terem sido distribuídos a tempo pela Secretaria da Saúde do Estado.
Nos últimos cinco anos, 50 toneladas de medicamentos – uma média de 10 toneladas por ano – comprados ou sob tutela do Estado foram parar no lixo, com prazo de validade vencido — um prejuízo aos cofres públicos de R$ 26,7 milhões, em valores corrigidos pela inflação. Com essa verba, seria possível bancar dois anos de merenda escolar ou dois meses de manutenção de rodovias gerenciadas pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer).
No mesmo período, quase 2 mil pessoas entraram na Justiça buscando o fornecimento de medicamentos por intermédio da Associação Brasileira em Defesa dos Usuários do Sistema Único de Saúde (Abrasus). A presidente da entidade, Terezinha Borges, acredita que esse descaso com os medicamentos foi causado pela falta de comunicação. “Foi falta de cuidado, de interesse, porque nos tempos de hoje, com tudo informatizado é inadmissível que aconteça isso”.
Terezinha ressalta ainda que a falta de prudência do Estado, além de colocar em risco a vida dos pacientes, deixou de destinar recursos para setores tão importantes como a saúde. “Visitamos postos de saúde, emergências de hospitais, e é visível a deterioração desses locais, material de uso médico ultrapassado, sem ventilação”.
Desde 2007, a entidade auxilia gratuitamente usuários que buscam tratamento na rede pública, inclusive ingressando com ações na Justiça. Somente em 2016, a Abrasus realizou 360 pedidos de judicialização de medicamentos.
Fonte: Simers