Os profissionais que atuam nas unidades de saúde do Recife vivem um verdadeiro filme de terror quando o assunto é segurança. A queixa é unânime e vem ocorrendo com frequência ainda maior após a retirada da vigilância nas policlínicas, maternidades e postos da Estratégia de Saúde da Família. Com esse cenário, é recorrente o número de denúncias que são relatadas ao Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), que vem cobrando medidas aos gestores para solucionar a situação. A nova denúncia partiu da categoria que atua na Policlínica Agamenon Magalhães, localizada no bairro de Afogados, Zona Sul do Recife.
Os médicos da unidade estiveram reunidos, na noite de terça-feira, 6 de dezembro, com o presidente do Simepe, Tadeu Calheiros, na sede da entidade, no bairro da Boa Vista. Eles relataram que são comuns os casos de agressões verbais, que criam um ambiente hostil e, consequentemente, prejudicam a boa oferta do serviço público. Além disso, a categoria também detalhou um caso ocorrido recentemente, quando um paciente que havia sido transferido para a Policlínica, irritado por não ter sido de pronto, arremessou uma pedra que quebrou uma janela de vidro do banheiro. O usuário ainda conseguiu quebrar uma grade instalada no local e que, até o momento, segue “protegida” apenas com um papelão – o que pode possibilitar a entrada de pessoas não autorizadas no local.
Além da insegurança eminente na unidade de saúde, a categoria explicou que outros problemas também influenciam negativamente nas condições de trabalho. Entre eles está a quantidade inadequada de insumos, já que ocorre falta de medicamento. Por fim, mais uma grande dificuldade enfrentada pelos médicos exige atenção: a ausência de laboratório na Policlínica. Com isso, todas as coletas de exames precisam ser encaminhadas para análise em outros locais, com mais de quatro horas de espera pelo resultado – complicando bastante o andamento do tratamento dado ao usuário. A última situação relatada se agrava quando os exames são realizados após à 0h, já que a coleta só é encaminhada para a análise pela manhã seguinte.
Apresentada toda a situação vivida na unidade, ao fim da reunião, os médicos e o Simepe chegaram a três deliberações: 1ª) Envio de novo ofício para a Secretaria de Saúde do Recife relatando toda a problemática de insegurança, falta de insumos, estrutura física precária e reivindicando o retorno imediato da vigilância às unidades; 2ª) Registro de boletins de ocorrências e medidas protecionistas em casos de insegurança ou violência; 3ª) Ofício endereçado aos diretores médico e geral da Policlínica Agamenon Magalhães solicitando reunião para discutir as denúncias.
“Estamos conversando e cobrando ao máximo a gestão municipal para que a segurança seja retomada nos locais. A falta de vigilantes precariza demais a situação e estamos vivendo uma crise de insegurança – o que prejudica o trabalho médico e a boa oferta do serviço para a população. Não vamos descansar enquanto essa problemática não for resolvida”, ressalta o presidente do Simepe, Tadeu Calheiros.
>> outros casos
Além da Policlínica Agamenon Magalhães, outras unidades do Recife sofrem com a insegurança. A problemática foi inclusive tema de uma nota de repúdio do Sindicato dos Médicos de Pernambuco, veiculada na mídia no dia 06 de novembro. Já foram registrados casos de violência na Upinha da Bomba do Hemetério e no posto da Estratégia de Saúde da Família (ESF) do Alto do Capitão, ambos na Zona Norte, onde uma médica foi agredida. No posto ESF na Lagoa Encantada, no bairro do Ibura, Zona Sul da capital pernambucana, os profissionais foram vítimas de um assalto à mão armada em plena luz do dia. Os bandidos levaram dinheiro e pertences de toda a equipe.
Por fim, um outro caso também assustou a categoria: um nova investida dos bandidos com arma de fogo foi relatada no ESF de Sítio Wanderley, na Várzea, Zona Oeste do Recife, no fim do mês passado.
Fonte: Simepe