No início de outubro, o Ministério da Saúde (MS) anunciou que as unidades básicas de saúde (UBS) teriam 60 dias para instalar o prontuário eletrônico, que funciona a partir do sistema chamado e-SUS. Porto Alegre foi a primeira cidade do país a ter o recurso 100% implementado.
Porém, a realidade é bem diferente em outros municípios do Estado e do resto do país. Até o mês de outubro, 76% das unidades ainda registravam o histórico do paciente em papel. De acordo com dados do MS, dos 41.688 postos de atendimento em saúde, 10.134 já contam com o prontuário eletrônico. Desse total, 7.232 fazem uso de softwares próprios ao invés do e-SUS.
Os municípios têm até o dia 10 de dezembro para fazer a instalação do sistema ou informar as dificuldades enfrentadas no processo. Vencido esse prazo, o repasse do PAB Variávél às prefeituras vai estar condicionado à existência do sistema eletrônico nas unidades de saúde. Atualmente, esse recurso equivale a R$ 10 bilhões por ano e é aplicado em atendimentos de pediatria ligados a programas como o Saúde da Família.
Prontuário eletrônico não é unanimidade
Mas se por um lado o modelo eletrônico de prontuário promete mais eficiência, transparência e economia no processo de atendimento, por outro ele também oferece desvantagens, já apontadas por médicos. Em abril, o Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul (Simers) já havia conversado com a médica Taciana Dal’Forno Dini sobre o assunto.
Para ela, a tecnologia agiliza a observação de atendimento e exames anteriores, além de diminuir as chances de que documentos sejam extraviados. Porém, os desenhos de partes corporais e do planejamento dos tratamentos podem ficar prejudicados.
“Dois pontos me incomodam no prontuário eletrônico: não conseguimos desenhar nele, como fazíamos no de papel, e arriscamos diariamente atrasar toda a agenda de atendimento caso o sistema fique fora do ar”, pontua Taciana.
Fonte: Simers