Conhecida há mais de dois mil anos antes de Cristo, a Quiropraxia voltou à pauta do dia depois que a modelo da Playboy Katie May, que era uma celebridade nas redes sociais, morreu devido a um procedimento quiroprático no pescoço, que terminou provocando o rompimento de uma artéria e um acidente vascular cerebral.
Ao contrário do que se pode imaginar, a quiropraxia não é um tratamento alternativo, mas uma área das ciências médicas que se dedica ao diagnóstico, tratamento e prevenção das disfunções mecânicas no sistema neuromusculoesquelético e os efeitos dessas disfunções na função normal do sistema nervoso e na saúde geral.
No Brasil, o processo de regulamentação da profissão está em andamento e existem dois cursos universitários reconhecidos pelo Ministério da Educação em São Paulo e no Rio Grande do Sul. Apesar de estimar que, atualmente, no País, trabalhem cerca de 700 quiropraxistas vinculados a Associação Brasileira de Quiropraxia (ABQ) ,não tem como estimar quantos quiropraxistas que foram formados por cursos não oficiais.
Para o coordenador da Câmara Técnica de Bioética do Conselho Regional e Federal de Medicina, Octávio Marambaia, a quiropraxia não tem reconhecimento como prática médica e só deve ser executada por profissionais graduados, como os fisioterapeutas, à partir do diagnóstico médico. “Ninguém deve iniciar tratamento sem o devido diagnóstico. Um paciente com câncer, por exemplo, não poderia se submeter à manipulação de vértebra sob o risco de apressar fraturas e lesões graves”, completa o médico.
A ABQ, em nota, lembra que as informações obtidas até aqui sobre a morte da modelo são contraditórias, dizendo que o acidente foi ocasionado por uma queda durante uma sessão de fotos, ocorrida em janeiro. “O próprio irmão da modelo teria afirmado que a causa da morte foi um problema na artéria carótida em decorrência desse acidente. De acordo com vários estudos sobre o assunto, é impossível estabelecer relação de causa e efeito do ajuste quiroprático com a dissecção da artéria vertebral apontado como a causa da morte por uma das fontes”, diz.
A jornalista Lais Vita publicou no seu perfil de uma rede social a experiência vivida com a quiropraxia. “Há quase dois anos passei pelo mesmo e vou levar consequências disso para a vida inteira, mas tive muita, muita sorte. Alguém precisa falar seriamente com as pessoas sobre estes casos e o perigo ao manipular a cervical! Meu conselho: corram da quiropraxia!”, disse.
Morte de May assustou |
No caso dela, a manipulação gerou a dissecção das artérias vertebrais nos dois lados com formação de pseudo-aneurismas. “Isso foi causado pela rotação brusca do pescoço durante uma sessão de quiropraxia. E pelo que ouvi dos médicos durante o longo período de tratamento e também li sobre o assunto, esse é um risco inerente à manipulação de ajuste que é típica dos quiropraxistas“, contou.
A Associação pontua ainda que chances de dissecção de artéria após uma visita ao quiropraxista é de uma em cada 8,6 milhões. As chances são similares às de um paciente que visita qualquer outro profissional de saúde.
A Quiropraxia, exercida por profissionais graduados em instituições reconhecidas e associadas à Federação Mundial de Quiropraxia, segue regras rigorosas de treinamento e segurança preconizadas pela Organização Mundial de Saúde.
Fonte: Correio 24 hroas