Estima-se que um em cada seis homens vai desenvolver o câncer de próstata durante sua vida
Estudo realizado pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) aponta que 51% dos homens nunca consultaram um médico Urologista. Depois do câncer de pele, o câncer de próstata é o tumor maligno mais comum nos homens, representando cerca de 10% de todos os cânceres diagnosticados. Estima-se que um em cada seis homens vai desenvolver o câncer de próstata durante sua vida.
No Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), estima-se que este ano sejam confirmados mais de 61 mil novos casos, ou seja, quase 62 casos para cada 100 mil brasileiros!
Felizmente, apesar da incidência crescente, observa-se um declínio das taxas de mortalidade de 40% nos últimos 15 anos nos países mais desenvolvidos. Essa redução se deve principalmente ao diagnóstico precoce (através do toque retal e do exame de sangue Antígeno Prostático Específico (PSA) e ao aperfeiçoamento das formas de tratamento.
A SBU orienta que os exames devem fazer exames anuais para identificar problemas na próstata a partir dos 50 anos e a campanha Novembro Azul tem esse objetivo, de alertar a importância do homem cuidar de sua saúde. O desenvolvimento do câncer de próstata está relacionado, sobretudo ao envelhecimento masculino. Apesar de poder ser diagnosticado em jovens, inclusive abaixo dos 40 anos, o risco aumenta significativamente após os 50 anos, correspondendo a 40% dos tumores nessa faixa etária. A idade média do diagnóstico da doença é de 69 anos, enquanto a do óbito, de 77 anos.
Dúvidas frequentes
O que é a próstata? A próstata é uma glândula localizada na região pélvica do homem, apresentando um formato semelhante à de uma noz. Situa-se logo abaixo da bexiga e à frente do reto, sendo atravessada pela uretra, canal que se estende desde a bexiga até a extremidade do pênis e por onde a urina é eliminada.
Qual a função da próstata? A principal função da próstata é produzir uma secreção fluida para nutrição e transporte dos espermatozoides, que são originados nos testículos e levados até a vesícula seminal através dos ductos deferentes. Juntamente com as secreções das vesículas seminais e das glândulas periuretrais, constituem o sêmen, que é o líquido expelido durante a ejaculação. Durante a ejaculação ocorre contração da vesícula seminal e eliminação do sêmen através dos ductos ejaculadores que passam pela próstata e desembocam na uretra.
O que é o câncer de próstata? É uma doença, na qual as células prostáticas podem sofrer modificações moleculares e se multiplicarem de forma descontrolada, podendo avançar e atingir outros órgãos, localmente ou à distância.
Sintomas: Em geral, apresenta crescimento muito lento, podendo levar anos para causar algum problema mais sério. Nas fases iniciais, se apresenta silencioso, não causando nenhum sintoma específico. Com seu crescimento, pode causar sintomas urinários obstrutivos (diminuição do jato urinário, gotejamento após a micção, sensação de esvaziamento incompleto da bexiga, micção em dois tempos, retenção urinária) e/ou irritativos (aumento da frequência urinária, urgência, incontinência, aumento da frequência urinária noturna). Ao crescer, o câncer de próstata pode acometer órgãos vizinhos, como a bexiga, ureteres ou reto, o que pode causar sintomas inespecíficos como dor pélvica, sangue na urina, inchaço escrotal, dor lombar e inchaço das pernas, quando os linfonodos da pelve e abdômen estão bastante comprometidos. A maioria das metástases ocorre nos ossos, principalmente na coluna, quadril e costelas, o que pode ocasionar dor localizada nestas áreas. Nos casos mais avançados, pode haver presença de fraqueza, falta de energia e de apetite, e mesmo anemia. Entretanto, esses sintomas são inespecíficos, podendo em muitas vezes estar relacionados a outras causas.
Causas: As reais causas do câncer de próstata ainda são desconhecidas. Entretanto, já se sabe que ele é originado de desequilíbrios genéticos que causam alterações moleculares responsáveis pelo seu desenvolvimento. Fatores ambientais podem estar também envolvidos, desencadeando ou acelerando esse processo.
Fatores de risco: Todos os homens apresentam risco potencial de desenvolver câncer de próstata quanto mais se vive, ou seja, quanto mais idoso, maior o risco. Muitas vezes, entretanto, a doença segue um curso indolente, não sendo diagnosticada. Alguns grupos apresentam maior risco para desenvolvimento da doença: aqueles com parentes de primeiro grau que tiveram a doença e os indivíduos da raça negra. Apesar de muitos fatores, como comportamento sexual, infecções por vírus ou bactérias e situação socioeconômica desfavorável, terem sido associados com o desenvolvimento da doença, não existem evidências sólidas que confirmem esta relação. Existe uma suspeita, ainda não confirmada, da associação de dietas ricas em gordura animal e obesidade com câncer de próstata mais agressivos.
Diagnóstico: Como inicialmente não há sintomas, é sugerido que todos os homens a partir dos 50 anos sejam avaliados anualmente através do toque retal e de dosagens sanguíneas de PSA, para o diagnóstico da doença. Aqueles com história de câncer de próstata na família (pai, irmãos, tios) e da raça negra devem iniciar essa avaliação aos 45 anos, devido ao maior risco associado. Nas fases mais avançadas da doença, o diagnóstico pode ser suspeitado pela presença dos sintomas já descritos.
Qual a utilidade do toque retal? O toque retal tem como finalidade detectar qualquer alteração na próstata (endurecimento, nódulos) que possa estar relacionada com a presença do câncer. Apesar de desconfortável, é parte fundamental da avaliação prostática, servindo também para auxiliar na decisão da melhor forma de tratamento, caso o câncer esteja presente.
Por que ainda há tanto preconceito e medo da realização do toque retal? Embora haja a percepção que esse simples exame é imprescindível à identificação do câncer de próstata na fase inicial, o toque ainda esbarra na desinformação e na cultura de dois terços dos homens brasileiros, que não se submetem ao teste. O procedimento deve ser encarado da mesma forma que um exame de boca, nariz ou ouvido. O toque não interfere na masculinidade de ninguém, pelo contrário, é sinal de que o homem está preocupado consigo e com seus familiares.
Prevenção: O termo “prevenir a doença”, quando utilizado, refere-se a uma série de medidas que visam na verdade a fazer um diagnóstico precoce da doença, detectá-la em estágios iniciais, o que aumenta muito as chances de cura – já que não há prevenção propriamente dita.
Tratamento: Dependerá do estágio da doença (localizado, localmente avançado ou avançado), da idade e das condições clínicas do paciente. Naqueles com doença inicial, localizada na próstata, incluem-se como opções a vigilância ativa (apenas acompanhar a evolução do quadro), a cirurgia (prostatectomia radical, ou seja, a retirada da próstata) e a radioterapia (externa ou braquiterapia). Nos casos de doença localmente avançada, cirurgia e radioterapia são as opções objetivando a cura do paciente.
Nos casos avançados, o tratamento tem intenção paliativa, podendo-se optar por terapia de ablação hormonal e quimioterapia, associadas ou não a procedimentos cirúrgicos para aliviar o fluxo urinário e medicações para proteção óssea.
Fonte: Sociedade Brasileira de Urologia e Dr. Lucas Nogueira (Belo Horizonte, MG)