Trabalhadores da saúde de hospitais e clínicas ligados ao Sindicato de Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (Sindihospa) estão paralisados desde a manhã desta quarta-feira, 9 de novembo. O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) acompanha o movimento em frente do Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre. O presidente do Sindicato, Paulo de Argollo Mendes, ressaltou a intensidade e unificação da mobilização, que reúne centenas de profissionais de todas as categorias em várias instituições.
Enquanto o sindicato patronal se mantém irredutível e não valoriza os trabalhadores da saúde com o mínimo pedido pelas categorias, que é a reposição integral, a única alternativa encontrada é a paralisação dos serviços. Enquanto hospitais da capital ampliam suas estruturas ostentando anúncios de página inteira nos jornais, os trabalhadores seguem sem uma proposta digna. Desde julho, data-base do setor, busca-se a reposição da inflação acumulada, mas o Sindihospa oferece pouco mais que a metade do índice. “Só estamos fazendo isso porque estamos sendo empurrados pelo Sindihospa. Vamos parar, com muita dor. É desagradável chegarmos a esse ponto. Os trabalhadores da área da saúde já estão sobrecarregados e dando o sangue. Não há mais espaço para suportar que se retire parte dos direitos que nos cabem”, declarou Argollo.
A ação acontece por 48 horas em todos os hospitais da base do Sindihospa, preservado tudo aquilo que a lei manda: manutenção de 30% do serviço funcionando, além de atendimentos de urgência e emergência.
Sem acordo no TRT, paralisação nos hospitais da capital está mantida até quinta-feira, 10
Terminou sem acordo a audiência de conciliação realizada na terça-feira, 8 de novembro, na sede do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4) em Porto Alegre, entre médicos e demais trabalhadores da saúde e o Sindihospa. Dessa forma, as categorias confirmam a paralisação nesta quarta (9) e quinta-feira (10), numa luta para assegurar pelo menos a reposição da inflação acumulada de 12 meses. Uma nova audiência de conciliação está marcada para 18 de novembro, às 14h, também no TRT.
Entenda por que os trabalhadores da saúde estão paralisando
Perda salarial – Depois de mais de dois meses de negociação, a proposta não atende a reivindicação de reajuste dos profissionais da área da saúde. Enquanto a inflação é de 9,5%, o valor oferecido é de 5%, com pagamento parcelado.
Condições de trabalho – As condições para atendimento em muitas instituição são precárias. Resta ao médico socorrer o paciente em cadeiras, sem equipamentos, em salas sem ventilação e insalubres. Outros profissionais
Segurança – Até mesmo execuções sumárias têm ocorrido dentro dos hospitais. São situações de extrema vulnerabilidade que colocam em risco a vida de profissionais da saúde e pacientes. Constantemente os trabalhadores reivindicam dispositivos de segurança e maior vigilância em ambientes de conflito permanente, que não têm sido atendidos.
Falta de leitos – O número reduzido de leitos também é uma constante que dificulta o atendimento. Para se ter uma ideia, no dia 27 de outubro a emergência do Hospital de Clínicas teve 174 pacientes para 41 vagas. Não se trata de um número isolado. Uma das consequências é a sobrecarga dos profissionais, que precisam atender um número muito superior àquele que a estrutura permite. Ao mesmo tempo, os pacientes são expostos a situações degradantes, que ferem os direitos humanos. “Qualquer um que já tenha estado em um serviço do SUS sabe que as condições de atendimento são de indigência. São insalubres e inclusive anti-higiênicas para a população”, ressalta o presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul, Paulo de Argollo Mendes.
Participação dos hospitais ligados ao Sindihospa na rede de atendimento
- São 11 hospitais em Porto Alegre: 5.061 leitos (sendo 3.490 leitos do SUS)
- 60% dos leitos totais de Porto Alegre (que tem 8.328 vagas totais – privados e SUS)
- 66% dos leitos SUS em Porto Alegre (que tem um total de 5.284 vagas pelo SUS)
- Região Metropolitana: leitos totais e SUS dos hospitais respondem por 40% da oferta, ou seja, de cada 10 leitos (SUS ou não SUS), 4 estão nos hospitais da convenção Sindihospa
- Rede estadual: os leitos representam 15% da oferta de leitos totais e SUS
Fonte: Simers