O Hospital de Clínicas, de Campo Limpo Paulista, São Paulo, retomou na sexta-feira, dia 28 de outubro, o atendimento clínico à população, após 20 dias apenas no sistema de emergência. O atendimento havia sido interrompido depois do pedido de demissão de 50 médicos devido à falta de pagamento.
Seis novos profissionais foram contratados pela Federação Nacional das Entidades Sociais e Comunitárias (Fenaesc), nova gestora do hospital, e ficarão na unidade por 180 dias como regime emergencial, conforme contrato estabelecido.
A antiga gestora era a Pró-Saúde que, procurada pela reportagem do Jornal de Jundiaí Regional, não quis comentar sobre a mudança de gestão ou quando o pagamento aos antigos profissionais será feito. Sexta pela manhã, representantes do Sindicato dos Médicos de Campinas e Região (Sindimed) estiveram no hospital para falar com a direção e com os novos gestores e pediram respeito aos novos médicos.
O presidente do Sindimed, Casemiro Reis, disse que o sindicato fez uma visita técnica para verificar as condições do hospital, uma vez que o mesmo estava com falta de insumos. Durante a conversa, gestores falaram sobre a situação da saúde na cidade e o respeito com os moradores, Reis acredita que os seis profissionais, mesmo com boa vontade, não darão conta de atender a demanda do município.
“A empresa se diz isenta de responsabilidade e não quis comentar sobre a dívida da antiga gestora, mas há uma questão solidária para com os médicos que não receberam. Esperamos apenas que não aconteça a mesma coisa com estes profissionais porque quem sofre é a população da cidade”, lamenta o presidente. É o que espera a dona de casa Tais Gomes de Souza, do Parque Continental.
Sexta, 28 de outubro, por conta de uma torção no tornozelo da filha de 10 anos, Gabriele Gomes de Souza, procurou o hospital. Ela esperou por uma hora, mas foi atendida, porém semana passada sua mãe não teve a mesma sorte. “Mediram a pressão dela praticamente na rua e tivemos que ir para Várzea Paulista porque não tinha médicos. Esperamos, mas fomos atendidos.”
Com uma média de seis mil atendimentos por mês, o novo corpo clínico deve contar com dois clínicos gerais, um anestesista, um cirurgião, um pediatra e um ginecologista. Eles trabalharão em escala de plantão de 12 horas. O assessor de imprensa da Fenaesc, Leonardo Deruiche, disse que é um número suficiente e não quis comentar sobre os médicos demitidos. “Só não abrimos antes porque estávamos comprando alguns materiais e era preciso fazer ajustes de algumas máquinas. Precisávamos acertar ‘a casa’ e estamos fazendo, mas a população que vier ao hospital será atendida”.
Mais conversas – Reis, do Sindimed, ainda lembrou que nos próximos dias entrará em contato com a Pró-Saúde para saber como ficará o pagamento dos antigos médicos. Ele espera que não seja necessário acionar a Justiça. Ele lembra que a dívida com os antigos médicos, em especial a falta de pagamento, chega a R$ 1,5 milhão. “É muito triste ver um hospital desse porte nessas condições. Vamos querer uma posição da prefeitura e da antiga gestora”.
Fonte: JJ Regional