Representantes das principais entidades médicas de vários países da América Latina, dentre eles Brasil, Bolívia, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Peru e Venezuela, divulgam na manhã dessa sexta-feira (25/11) documento aprovado pelo grupo que pede aos Governos das Nações do continente, a aprovação de leis que coíbam a violência contra o médico no exercício de sua profissão.
A proposta foi discutida durante o segundo dia da Assembleia Geral Ordinária da Confederação Médica Latino-Ibero-Americana e do Caribe (Confemel), que termina sexta-feira, em Brasília. Durante a Assembleia, foram apresentados relatos que mostram a precariedade da segurança oferecida pelos governos aos médicos e os abusos aos quais eles estão expostos, trazendo riscos para o seu bem estar e de suas famílias e prejudicando a qualidade da assistência aos pacientes. Além dos casos de agressão, os médicos da região consideram que a retenção e o atraso de salários configuram um tipo de violência que também merece ser discutida e coibida pelos governos.
“As situações de agressões a médicos não se restringe à violência física e psicológica. Há a agressão do Estado ao negar aos médicos os mínimos direitos sociais e trabalhistas”, destaca o presidente da Federação Médica Brasileira (FMB), Waldir Araújo Cardoso, que participa do evento.
Atividades
Nesta quinta-feira (24/11), a primeira palestra foi de Arthur Hengerer, presidente da Federation of State Medical Boards (FSMB), que tratou de Suicídio e Síndrome de Burnout. “Foi enfatizada a gravidade dos problemas que são decorrentes da modernidade, o ambiente competitivo e o perfeccionismo de muitos médicos. Das várias estratégias de enfrentamento está a prevenção a partir da ação de divulgação pelas entidades aliadas ao reconhecimento pessoal do problema”, destaca Waldir Cardoso, que presidiu essa mesa.
Sobre o tema Crianças Desaparecidas, Ricardo Paiva, membro da Comissão de Ações Sociais do Conselho Federal de Medicina (CFM), elencou itens que podem contribuir para que os índices destes casos sejam amenizads, como massificar a consciência crítica usando a imprensa e promover ações nos estados, particularmente no dia 25 de maio, Dia Internacional das Crianças Desaparecidas. Outra proposta apresentada é a divulgação massificada de recomendações das Organizações das Nações Unidas (ONU), de como proceder em desaparecimentos e também, promover uma conferência mundial sobre crianças e adolescents desaparecidos.
“Em nome da FMB manifestei a intenção de nossa entidade ser parceira e instar os sindicatos de base a também participarem desse esforço. Vamos nos debruçar neste tema e traçar uma estratégia de enfrentamento com os sindicatos de base”, explicou Waldir Cardoso.
Sanitaristas
Outro ponto que foi reforçado durante a Assembleia da Confemel é o dia 4 de dezembro, Dia Latinoiberoamericano Contra a Agressão a Médicos e Trabalhadores da Saúde, instituído em abril deste ano. A data remete ao assassinato do médico oftalmologista brasileiro Marco Antônio Becker, ex-presidente da Confemel e do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers).
“A FMB e seus sindicatos irão se manifestar nesta data no sentido de chamar a atenção da sociedade e dos governos para o problema”, explica Waldir.
Sexta-feira
No último dia do evento, além da entrevista coletiva para divulgar a Carta que pede o fim da violência contra médicos, será realizada a eleição e posse da nova diretoria da Confemel.
Também representam a FMB na Assembleia da Confemel: Janice Painkow (vice-presidente), Malu Davi (secretária Geral), Edilma de Albuquerque Barbosa (secretária de Relações Trabalhistas e Sindicais) e Nara Neli Torres (conselheira fiscal). O movimento médico nacional é representado no evento ainda com Wilson Machado (Pará), Adriano Sérgio Freire Meira (Paraíba), Mayra Isabel Pinheiro e Edmar Fernandes de Araújo Filho (Ceará), Mário Viana (Amazonas) e Eduardo Santana (ex-secretário Geral da Confemel).
A entidade
A Confemel é uma entidade privada não governamental constituída por instituições médicas nacionalmente representativas do Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela, Costa Rica, Guatemala, Haiti, Honduras, El Salvador, República Dominicana, Nicarágua, Panamá, Porto Rico, Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai. Em 2015, foram aprovadas as participações Portugal e Espanha como membros permanentes da Confederação. Nesta Assembleia em Brasília, foi acatada a entrada de Itália e França.
Dentre os objetivos da Confemel está o intercâmbio de experiências sociais, científicas, tecnológicas e políticas em favor da saúde das pessoas que atuam na saúde. Outra finalidade é fortalecer as organizações médicas, garantir o prestígio e a dignidade da profissão, difundindo o cumprimento das normas éticas.