O Calendário de Vacinação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) 2016 foi divulgado aos médicos e à sociedade neste mês de outubro. Resultado de um novo trabalho conjunto – conduzido pelos Departamentos Científicos de Imunizações e de Infectologia da SBP – o documento traz as recomendações da entidade para a aplicação de vacinas em crianças e adolescentes.
Confira a íntegra do novo calendário de vacinação
A principal novidade no Calendário 2016 é a inclusão da vacina contra a dengue, em nível individual, para pessoas a partir de 9 anos, para aqueles que vivem em áreas de risco para a doença, a partir de um esquema habitual de três doses (0, 6 e 12 meses). Em setembro, os DCs de Imunizações e de Infectologia já haviam divulgado outro documento, no qual analisavam aspectos relacionados a essa vacina, como segurança, recomendações de uso e contraindicações, entre outros tópicos.
Prevenção – “Trata-se de uma vacina que tem potencial importante para ajudar na prevenção às formas graves da dengue”, ressaltou o coordenador do DC de Infectologia, Marco Aurelio Palazzi Sáfadi. Fabricada pela empresa francesa Sanofi Pasteur e registrada no Brasil desde dezembro de 2015, a Dengvaxia® é a primeira vacina desenvolvida contra a dengue no mundo e a única com registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O fabricante garante proteção contra os quatro tipos do vírus da dengue. Segundo estudos, a proteção é de 93% contra casos graves da doença, redução de 80% nas internações e eficácia global de pouco mais de 60% contra todos os tipos do vírus. De acordo com a SBP, a vacina não deve ser administrada em pessoas com imunodeficiências congênitas ou adquiridas, incluindo aquelas em terapia imunossupressora. Também não deve ser aplicada em gestantes, lactantes e pessoas que vivem com HIV/Aids.
Notas explicativas – Outro ponto de destaque no Calendário de Vacinação SBP 2016 é a reformulação das notas explicativas. O coordenador do DC de Imunizações, Renato Kfouri, chama atenção para o fato de que os textos, onde são apresentados dados técnicos e orientações sobre cada uma das vacinas, são parte integrante do Calendário e, portanto, devem ser usados pelos pediatras na orientação para cada caso.
Neste ano, segundo Kfouri, o texto das notas passou a ser mais claro, objetivo e detalhado para subsidiar adequadamente os médicos em suas decisões. Entre outros pontos, essas notas oferecem uma comparação entre o esquema de vacinas disponível na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) e o esquema sugerido pela SBP. Esse trabalho materializa a continuidade de esforços conjugados dos DCs de Imunizações e de Infectologia, que elaboraram o documento após várias rodadas de discussões.
Papel chave – Na avaliação do coordenador do DC de Infectologia, Sáfadi, o pediatra possui um papel chave no esclarecimento de pais e responsáveis sobre a importância de se manter o esquema de vacinação das crianças e dos adolescentes em dia. Cabe a este especialista oferecer as explicações necessárias para que as coberturas se mantenham elevadas.
“As vacinas são vítimas do seu próprio sucesso. Perdeu-se a noção da importância de se prevenir as doenças evitáveis e de como as vacinas são úteis neste processo. Ao se manter a população vacinada, evita-se o aparecimento de bolsões que podem contribuir para o recrudescimento de males que estão sob controle”, explicou Safadi, que defende que o pediatra reserve um espaço em sua consulta para abordar o tema.
Já para o coordenador do DC de Imunizações, a vacinação é uma questão que transcende aspectos individuais. “Trata-se de um ato com impacto na vida coletiva e que valoriza o exercício da cidadania”, ressaltou. Graças à compreensão dessa responsabilidade, ele lembrou que doenças como rubéola, sarampo, varíola, poliomielite e síndrome da rubéola congênita foram consideradas erradicadas no continente americano.
Trabalho conjunto -A presidente da SBP, Luciana Rodrigues Silva, comemorou a divulgação do Calendário de Vacinação 2016 como mais uma conquista da entidade por meio do trabalho de seus 32 Departamentos Científicos (DCs), que desenvolvem ações de qualificação da assistência.
“Os DCs representam uma parte muito significativa da nossa Sociedade. Neles, estão os profissionais que produzem o conhecimento da pediatria brasileira em diversas áreas. Eles são os responsáveis por atualizar o conhecimento entre os sócios, fomentar pesquisas, desenvolver diretrizes e colaborar na organização de eventos científicos e técnicos. Essas fortalecem a atuação pediátrica, dando condições aos profissionais de assegurar a integralidade dos cuidados dispensados”, frisou a presidente da SBP, Luciana Rodrigues Silva.
Engajado nesta proposta, Safadi informa que, em breve, o DC de Infectologia – de forma isolada ou em conjunto com outros Departamentos – deverá entregar documentos científicos que tratarão de questões como a sífilis congênita e o uso racional de medicamentos. “Há um apoio incondicional dos DCs ao trabalho que vem sendo realizado. Na nossa área de atuação, parcerias podem ser implementadas em benefício da SBP e dos pacientes”, finalizou.
Fonte: SBP