Os casos de caxumba em Porto Alegre aumentaram 913% nos últimos 10 anos. Em 2006, foi registrado apenas um caso na capital, enquanto em 2016 já foram contabilizadas 914 incidências da doença (dados de 05/10). E este número pode ser maior porque não há obrigatoriedade de notificação para casos individuais. Ao mesmo tempo, há o registro de mais de 40 surtos da doença, ou seja, quando pelo menos dois casos são identificados na mesma área – escolas, creches e empresas, por exemplo.
O médico Benjamin Roitman, coordenador da Equipe de Doenças Transmissíveis da Secretaria Municipal da Saúde de Porto Alegre, explica que o aumento no número de casos de caxumba – não só na capital, mas como em todo o Rio Grande do Sul –, está relacionado ao período em que a vacina foi implantada no Estado, em 1997. “A doença ficou escassa por muitos anos, mas quem tem em torno de 20 anos certamente não foi vacinado ou tomou apenas uma dose (o indicado são duas). Além disso, existem estudos que sugerem uma possível redução da eficácia da vacina com o passar dos anos e esta é uma característica verificada por todo o mundo”, explica.
Os números corroboram com a teoria. Das notificações feitas em 2016, as faixas etárias que mais concentram casos são entre 15 e 19 anos (381 casos) e 20 e 29 anos (190 casos). Crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos também representam uma parcela significativa com 130 registros.
Em outras regiões, a situação é semelhante. No sul do Estado, em Rio Grande, foram verificados, em 2015, dois casos. Neste ano, as notificações já passam de 300 na cidade, conforme dados da prefeitura.
Vacinação
A orientação é vacinar imediatamente quem teve contato com infectados pela caxumba. Segundo Roitman, todos os postos de saúde da capital estão fornecendo vacinação para quem ainda não foi imunizado ou para quem tomou apenas uma dose.
O Programa Nacional de Imunizações fornece a vacina tríplice viral, que também protege contra sarampo e rubéola, para pessoas com até 49 anos, gratuitamente. Desde 2013, bebês de 1 ano recebem a vacina, que tem um reforço quando a criança completa 1 ano e 3 meses.
Pacientes que contraíram a doença
Jovens que engrossam as estatísticas relatam como foi o diagnóstico da doença. A estudante Bruna Rodrigues (22) teve contato com amigos que, dias mais tarde, tiveram a caxumba confirmada. Algum tempo depois, ela também foi diagnosticada. Bruna conta que teve dor de cabeça e no corpo, cansaço, calafrios, febre, inchaço e dor intensa nos ouvidos. Buscou atendimento médico e foi medicada.
No caso de pacientes como Bruna, que já contraíram caxumba, não é necessário vacinar-se, já que a doença não acomete a mesma pessoa mais de uma vez.
Sobre a caxumba
A caxumba não é considerada uma doença perigosa. Porém, em casos raros, pode evoluir para uma meningite viral benigna e inflamação nos testículos – o que ocorre com 20% dos casos em homens – e nos ovários, sendo a ocorrência mais rara.
É uma doença viral aguda de evolução benigna, caracterizada por febre e aumento de volume de uma ou mais glândulas salivares, geralmente a parótida. A transmissão ocorre por via aérea, disseminação de gotículas, ou por contato direto com saliva de pessoas infectadas. O período de incubação é de 12 a 25 dias, sendo, em média, de 16 a 18 dias. O período de transmissibilidade varia entre 6 a 7 dias antes das manifestações clínicas até nove dias após o surgimento dos sintomas.
Fonte: Simers