O sal não está só em alimentos salgados. Refrigerantes light, diet ou zero, energéticos, alimentos congelados, processados e até mesmo algumas marcas de água mineral têm alta concentração de sal. A facilidade de acesso a tudo isso, somada ao sedentarismo e obesidade, tem levado vários jovens a um problema que antes era uma preocupação só dos mais velhos: a hipertensão.
Dados do último Consenso sobre Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), de setembro deste ano, sugerem que a porcentagem de crianças e adolescentes hipertensos dobrou durante as últimas duas décadas. Segundo informações do Ministério da Saúde, o problema está presente em 5% das crianças e adolescentes.
Como ninguém se interna por causa da hipertensão, mas pelos problemas causados por ela, não existem estudos que apontem como a doença atinge os jovens. Mas médicos confirmam que a ocorrência aumenta a cada ano entre os brasileiros com menos de 35 anos.
Mario Fritsch Neves, presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão, alerta: “Antigamente, a gente tinha como mais ou menos a faixa de início da hipertensão os 40, 45 anos. Hoje temos observado até em adolescentes. Isso não é devido a um fator só, mas por obesidade, falta de atividade física, tipo de alimentação etc”, diz.
Luciano Jannuzzi Carneiro, cirurgião cardiovascular, especialista em marcapasso e cardiologista do Hospital Ana Costa, confirma: “De fato, é cada vez mais frequente jovem com pressão alta. Vale lembrar que, a partir dos 18 anos, o valor de referência para se diagnosticar a hipertensão arterial já é aquela medida maior ou igual ao popular 14 por 9”, explica ele.
Sobrepeso e histórico
Entre as crianças a pressão alta, muitas vezes, é secundária, ou seja, ligada a outros problemas, como as doenças renais. Quando não há outra patologia associada, geralmente os casos estão ligados ao sobrepeso e histórico familiar.
“A crescente prevalência de obesidade infantil tem contribuído também para o aumento da população de crianças e adolescentes hipertensos. E estudos sugerem que, quanto mais cedo diagnosticada a hipertensão, menor é o impacto no desenvolvimento de doenças cardiovasculares e cerebrovasculares na idade adulta. De maneira ideal, toda criança a partir de 3 anos deve ter sua pressão aferida durante consulta de rotina no pediatra”, diz Carneiro.
São Vicente e Cubatão afirmam que, em média, tem aumentado em 10% ao ano o número de pacientes ingressos no Programa Hiperdia, que trata, acompanha e distribui medicamentos para o controle da doença. Mas nem as cidades, nem o Estado, nem o Ministério da Saúde acompanham a faixa etária de distribuição desses medicamentos.
A doença faz com que o coração tenha que exercer um esforço maior. Assim, a pressão alta vira um dos principais fatores de risco para a ocorrência do Acidente Vascular Cerebral (AVC), infarto, aneurisma arterial e insuficiências renal e cardíaca – doenças que mais matam no País.
Fonte: A Tribuna