O ser humano possui muitas habilidades singulares. Sem dúvida, uma delas é a nossa capacidade sensorial. Os nossos sentidos são responsáveis por nos ajudar a construir relações com as coisas, além de ativar nossa memória sobre experiências ou lugares que estivemos ao longo da vida. Isso vale para todos os ambientes, inclusive um consultório médico. Muitas vezes, uma consulta pode estar relacionada com ansiedade, desconforto e até medo. Porém, existem maneiras de desconstruir essas sensações através dos sons, cheiros e cores. Essa técnica é conhecida por marketing sensorial, que utiliza os cinco sentidos para gerar a propagação mais completa de uma marca ou serviço, obtendo mais aproximação com o receptor. Além disso, tem o objetivo de gerar ligações entre as pessoas, objetos e os ambientes.
Ao contrário do que muitos pensam, as técnicas do marketing sensorial já são utilizadas há algum tempo. “Essas práticas não são exatamente novas. Muitos autores de antigamente já defendiam as estratégias de comunicação através de sons e cores no marketing tradicional. Então, em 2004, o autor dinamarquês, Martin Lindstrom, realizou uma pesquisa e afirmou que as empresas deveriam se ocupar mais com o marketing sensorial, para levar uma experiência completa aos consumidores”, conta a professora de publicidade e propaganda da PUCRS, Rosane Santos.
Porém, o marketing sensorial não se reduz apenas em decorar e aromatizar o ambiente. Essas medidas, apenas, seriam muito simplórias. As estratégias servem para imprimir personalidade e, assim, conquistar o cliente. “Tem que gerar estímulos nas pessoas, fazer com que lembrem por completo da experiência que tiveram em determinado lugar. Serve para nos tirar da confusão, imprimir DNA para o ambiente”, explica Rosane.
Mas afinal, como imprimir as técnicas dos sentidos em um consultório ou clínica médica? Como deve ser a iluminação, cores e até playlist desse tipo de lugar? Rosane afirma que o mais importante é que o paciente associe o cheiro, a música e cores a um consultório ou médico específico. “O ideal é que não tenha luz forte em uma parede muito branca ou um som muito pesado, porém tudo isso passa a ser raso quando estamos falando de marketing dos cinco sentidos. É essencial envolver características mais marcantes para gerar aproximação com aquela clínica e profissional. Tem que ter um estilo próprio, é questão de identidade”, salienta a professora.
A escolha do tipo de música também deve seguir a mesma linha. E no final, a professora do curso de publicidade diz que tudo passa a ser um conjunto para estimular o paciente e tirar a ansiedade pré-consulta. “Assim como todo o ambiente, no caso o consultório, a música deve estar de acordo com a identidade do profissional ou consultório. Claro que o médico não pode colocar um som muito pesado que estimule os batimentos cardíacos, mas imprimir o estilo próprio ajuda a tirar a tensão e o estresse do paciente, além de tornar a relação mais próxima”, salienta Rosane.
Fonte: Simers