A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Catanduvas, em São Paulo, está 80% acima da capacidade para 24 horas. O percentual leva em consideração a média de 450 consultas realizadas por dia na unidade. Os números foram repassados a reportagem do jornal O Regional pela Secretaria da Saúde. A capacidade de atendimentos para a UPA da cidade, que é de porte II é de 250, pacientes em média, conforme aponta o Ministério da Saúde.
Há mais de um ano, a UPA começou a receber a demanda espontânea dos Prontos Socorros. A média mensal é de 12 mil consultas nos meses com 400 atendimentos por dia. Quando os atendimentos diários chegam a 450, o número sobe para 13.500. Em um ano, desde que a unidade passou a receber a demanda, foram realizadas 138 mil consultas médicas e 124 mil procedimentos no geral.
Quando foi inaugurada em 2013, a média variava entre 250 e 300 atendimentos, o que corresponde a uma média de 7,5 mil a 9 mil. “Desde sua inauguração a unidade foi regida por todos os conselhos de classes COREN , COFEN e o número de funcionários se dá pelo número de atendimentos do edital que foi lançado que é de até 15 mil atendimentos mês” informou a assessoria de comunicação da prefeitura.
Nossa reportagem então, procurou o Ministério da Saúde, que nos apresentou a definição dos portes aplicáveis às UPAs 24 horas conforme o Sistema de Legislação da Saúde. A unidade de Catanduva se enquadra no porte II que é de 100.001 a 200.000 habitantes. A média deveria ser de 250 pacientes, o que não é visto na cidade.
Os atendimentos em Catanduva superam até mesmo a média de pacientes da UPA de porte III que é voltada para cidades com 200.001 a 300.000 habitantes. A média chega a 350 pacientes.
População sofre as consequências
Quem sofre com as consequências do aumento no número de atendimentos é a população. Em agosto deste ano uma criança de 12 anos teve uma convulsão e foi medicada com dipirona na UPA. Segundo a mãe dela, a própria médica da unidade teria dito que não havia um neurologista, deixando a menina com o atendimento de um clínico geral. Na época a Secretaria de Saúde confirmou que a menina foi medicada com dipirona.
Ainda em agosto, uma jovem com dor de garganta foi “medicada” com inalação na UPA. A mãe dela foi quem procurou nossa reportagem para relatar o ocorrido. A mãe da jovem fez um desabado diante da situação. “Os menos favorecidos tem que se sujeitar a ficar três horas esperando, e quando não dão dipirona, dão inalação. Cadê o amor e o respeito pelo ser humano?”, disse. A Prefeitura de Catanduva confirmou a prescrição de inalação, informando que a paciente passou em consulta relatando tosse com expectoração.
No mês passado uma família de Catanduva peregrinou por atendimento a uma menina de três anos. A criança passou por três vezes na UPA, foi para um consultório particular e depois para o hospital. Dez dias após o início dos sintomas e início da jornada da família e a criança que perdeu três quilos voltou a se alimentar. Tudo teria começado com uma dor na barriga, que foi se alastrando. De setembro para outubro o aumento na demanda de atendimento na UPA foi de 15%. Na época a demanda diária já estava 44% acima do que era preconizado pelo Ministério da Saúde. Em outubro foram atendidos 11.193 pacientes. A média foi de 361 atendimentos por dia.
Apesar do aumento, na época a Secretaria de Saúde dizia que “não conferiu nenhum prejuízo na qualidade, logicamente foi observado um impacto financeiro tendo em vista que o aumento do número de atendimentos refletiu também no número de exames laboratoriais e imagem, medicações entre outros custos”, informou a Secretaria de Saúde.
Fonte: O regional