O autismo, por ter diferentes níveis- chamados de espectro autista – pode ser explicado como um degradê, onde os tons mais claros representam os níveis mais baixos até as colorações mais escuras, indicando os casos mais graves. Por conta disso, se alguém for diagnosticado com autismo, não necessariamente terá os mesmos sintomas que outros pacientes. O transtorno pode ser gerado pela genética, não tem cura e, em termos gerais, se apresenta com dificuldades significativas de comunicação e alteração de comportamento, sendo apresentados ainda na primeira infância.
Segundo os médicos, o autismo é considerado um dos distúrbios mais difíceis de diagnosticar. Para identificar, não há exames de imagem ou de sangue, o diagnóstico é exclusivamente clínico, envolvendo avaliação neurológica, auditiva e genética. “Além do transtyorno não ter uma causa específica, as dificuldades de identificar o autismo, passa por mais dois motivos: por se tratar de um espectro, as crianças apresentam diferentes graus de comprometimento, muitas vezes existe a resistência dos pais, professores e pediatras em buscar auxilio especializado”, explica a psiquiatra especializada em infância e adolescência, membro da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul ( APRS), Ana Soledade Martins.
Os transtornos do espectro autista se caracterizam por diferentes níveis que são identificados de acordo que o indivíduo apresenta em função de suas dificuldades de comunicação social ou de seus comportamentos restritos . “É importante que saiba que os portadores apresentam deficiência intelectual. As necessidades podem variar do apoio moderado, no nível um, até a ajuda excessiva, em casos de nível três”, esclarece Ana.
Alguns pacientes precisam de medicamentos e outros não, dependendo do nível de autismo, entretanto como o espectro autista é muito amplo, o tratamento sempre é multidisciplinar, dependendo das necessidades de cada indivíduo. É importante reforçar que os tratamentos visam diminuir alguns sintomas e melhorar a adaptação dos indivíduos. “Os tratamentos mais por evidências científicas são as intervenções comportamentais e o uso de medicação para agitação e agressividade”, salienta a psiquiatra.
O autismo no dia a dia
Até por ser uma síndrome complexa, que exige bastante atenção da família, o diagnóstico de autismo sempre traz medo e insegurança para a família. Portanto, mesmo sendo médica, essas sensações também tomaram conta da também psiquiatra Luciana Bridi. “Embora eu seja médica psiquiatra, foi muito difícil receber a notícia de que meu filho é autista. Primeiramente nós ficamos perdidos e preocupados com o futuro”, conta. O filho de Luciana, hoje com cinco anos, foi diagnosticado autista com um pouco mais de um ano de idade.
Com base em algumas reações de seu filho caçula, a própria médica começou a desconfiar que algo estava diferente. “O meu filho tem um quadro leve, portanto quando olhava para ele, então é preciso prestar bem atenção para notar algumas coisas diferentes. Com o tempo, percebi um atraso motor, pois com um ano e meio ele ainda não estava caminhando, só falava uma palavra, não respondia e as coisas que tentava ensinar, ficava olhando sem entender. Então procurei os médicos e ele foi diagnosticado”, relata Luciana. Com um ano e meio, o filho de Luciana começou o acompanhamento psiquiátrico.
O dia a dia de uma criança com autismo requer bastante atenção, sensibilidade e compreensão dos pais para fenecerem o auxílio necessário. Por ser psiquiatra, logo depois de receber o diagnóstico de seu filho, Luciana sentiu necessidade de entender melhor a síndrome, e pelo conhecimento já adquirido na psiquiatria, tudo ficou mais fácil. Hoje, por experiência própria, Luciana tem um alto entendimento sobre o autismo e é voluntária no Instituto Autismo e Vida. “De modo geral, A rotina é complexa, pois coisas básicas que aprendemos a fazer de forma intuitiva, o autista tem dificuldades como se vestir ou comer. Isso porque o estilo cognitivo é diferente do normal. Elas também precisam de ajuda na interação social, por exemplo, então aprendi que os pais precisam diversificar a maneira de brincar”, relata Luciana.
O filho de Luciana começou o tratamento multidisciplinar quando tinha um pouco mais de um anod e idade. Hoje, com cinco anos, não é mais necessário consultas todos os dias da semana . “No início, ele ia ao médico todos os dias e era mais amplo, mas hoje o atendimento envolve fonoaudiologia e musicoterapia uma vez por semana”, conta a médica.
Outra dificuldade recorrente que pais de filhos autistas enfrentam é encontrar um colégio que seja preparado para receber alunos com necessidades especiais. Luciana se considera com sorte, pois não teve esse problema, matriculando seu filho no colégio Bom Conselho. “Sei que meu caso é raro, mas coloquei meu filho na mesma escola em que meu primogênito estuda e deu tudo certo. A recepção foi muito boa, a escola recebe e acata diversas orientações, além de disponibilizar fonoaudiologia duas vezes semanal”, conta. E questionada sobre o que seria o autismo em uma breve explicação, Luciana diz sem pensar muito. “É uma forma peculiar do desenvolvimento neurológio, afetando a forma como acriança percebe o mundo”.
Fonte: Simers