“Tenho medo de ir ao mercado da esquina porque todos os dias é uma história nova de roubo ou violência que você escuta. A insegurança urbana tem deixado as pessoas neuróticas”. Essas são palavras de Maiara Oliveira, 26 anos, administradora de empresas e moradora do bairro Rio Branco. Recentemente Maiara se viu diagnosticada com Síndrome do Pânico e teve que modificar toda sua rotina. Ela se tornou dependente de outras pessoas para viver, como por exemplo, só anda de carro, ou ônibus, acompanhada, e sabe que seu medo é exacerbado.
Maiara tem taquicardia, tremores e náuseas, sintomas que segundo o médico Daniel Dallavelle, psiquiatra Preceptor do Ambulatório de Ansiedade do Hospital Psiquiátrico São Pedro, faz parte do Transtorno do Pânico.
“Como se sabe, um importante fator de risco nos tempos atuais é o causado pelos estressores externos. No cotidiano moderno, repleto de violência, insegurança, miséria, cobranças múltiplas, altos padrões de exigência, desemprego, crises, o que não falta são situações geradoras de estresse externo ou interno. Entretanto, ainda faltam dados para que se possa correlacionar de maneira causal um possível aumento na prevalência de transtornos nos tempos atuais”, ressaltou o psiquiatra.
A violência urbana é preocupante e pode refletir diretamente na mente e no corpo da sociedade. Mesmo não tendo perigo eminente, a pessoa presume que algo vai ocorrer. Maiara disse que diariamente se vê envolvida numa sensação de morte. “Me dá a impressão que meu coração vai parar, que vou morrer do nada”, disse ela.
Segundo o psiquiatra, existe, sim, essa discrepância entre a ameaça real e o quanto a pessoa se sente ameaçada, e isso desencadeia um sistema corporal e psíquico bem maior que o necessário para combater o estressor.
No Brasil, não existe ainda uma amostra representativa que possa contabilizar a quantidade de acometidos pelo transtorno. Tem-se um estudo realizado em São Paulo que destacou a prevalência da síndrome do pânico duas vezes mais em mulheres, e que em geral ocorre no final da adolescência e início da vida adulta, entre 20 e 30 anos.
A Síndrome do Pânico tem cura. A duração do tratamento vai depender de cada pessoa, mas admitir que sofre do transtorno e procurar um profissional já é um caminho para a solução.
Fonte: Simers