O Diretor Técnico da Gamp, empresa que administra o Hospital Geral de Parauapebas, no Pará, dispensou os dois cirurgiões que estavam na escala de sobreaviso da urgência, no sábado, dia 24 de setembro, pela manhã, em clara retaliação por não terem concordado com a proposta de precarização de trabalho imposta pela empresa. A Gamp nega-se reiteradamente a respeitar os direitos trabalhistas dos médicos de Parauapebas e está pegando médicos desavisados e inexperientes de outras localidades sem dar nenhum tipo de satisfação à Gestão Municipal e menos ainda ao Conselho Municipal de Saúde, o que representa o controle da população sobre as ações da Gestão na Saúde Pública.
Funcionários do HGP relatam que ainda no sábado chegou um paciente com caso grave de trauma de tórax, por volta das 15h, que ficou aguardando até 21h, quando os médicos cirurgiões contratados pela Gamp só vieram responder o chamado de avaliação por volta das 21h.
Enquanto isso, a Gestão Municipal em sua campanha eleitoreira fala nas mídias que o Hospital está de vento em polpa, com UTI adulto funcionando e que esta semana o setor de Hemodiálise inaugura. Quando na verdade o HGP está com vazamentos nos canos dos tetos, continua sem médicos suficientes e sem escala de trabalho definida como prevê o contrato; a UTI não tem médicos intensivistas e desobedece uma série de itens definidos pela Agência de Vigilância Sanitária Nacional como mínimos para o funcionamento; e o setor de Hemodiálise está cheio de pendências a serem resolvidas e sem autorização da Vigilância de Saúde Estadual para funcionar, carecendo de nova auditoria.
O Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa), repudia a atitude da empresa Gamp e de seu Diretor Técnico que estão claramente precarizando a saúde pública municipal e da Gestão Municipal e Câmara Municipal que possuem o poder de acabar com este caos e não o fazem. O Conselho Municipal de Saúde, os servidores públicos e a Comissão de Saúde da Câmara são os únicos que estão militando contra este caos, mas não tem sido ouvidos pela Gestão Municipal e muito menos pela maioria dos vereadores da Câmara Municipal, alegando que está tudo às mil maravilhas.
Nossa expectativa é que o Ministério Público atue em defesa da saúde da população de Parauapebas antes que mais pessoas sejam vitimadas por esse caos. De nossa parte, não deixaremos que estes desmandos passem em vão.
Resposta da Gamp
- Com relação à implantação da maternidade do Hospital Geral de Parauapebas, ela já existia antes da Gamp se instalar no município, portanto não procede a informação de que a maternidade foi instalada por essa empresa. Pelo contrário, com suas ingerências e atitudes desrespeitosas com os servidores municipais, acabou perdendo a maioria dos médicos obstetras e pediatras da maternidade, deixando vários plantões descobertos. Como agravante, passou a utilizar médico não obstetra para fazer os plantões e até cesáreas, colocando em risco a vida de mulheres e crianças.
- As acusações aos cirurgiões da Secretaria Municipal de Saúde são caluniosas, pois os médicos jamais se recusaram a fazer plantão presencial e ainda estavam dispostos a ficar em dupla, aumentando ainda mais a qualidade do serviço. A recusa foi unicamente em trabalhar da forma precarizada que estava sendo proposta pelo Gamp a todos os médicos. Os médicos em questão, inclusive, podem acionar a assessoria jurídica do Sindmepa para processar a empresa por calúnia e difamação;
- Sobre precarização de trabalho, ressalte-se que as vítimas não estão sendo somente os médicos. Enfermeiros e técnicos de enfermagem também estão trabalhando sem contratos e sem pagamento a título de “estágio voluntário”. A justificativa descabida da empresa é de que se passarem no período de experiência serão contratados;
- Sobre a UTI da maternidade, não se pode abrir um setor de pacientes críticos sem ter médico intensivista responsável e nem equipe treinada. O médico que apresentaram como responsável pela UTI na chegada da Gamp não era especialista na área. A empresa também conseguiu perder todos os bons médicos clínicos que trabalhavam, inclusive no setor de internação, tendo que substituí-los também por médicos sem experiência. Relatos de profissionais que trabalham no hospital dão conta de que não há escala alguma de plantão no setor de UTI, outra irregularidade. Abrir um setor de UTI e não ter médico especialista é o mesmo que comprar um instrumento que não se sabe tocar. Só que, no caso em questão, não se trata de uma festa, mas vidas humanas que estão em jogo.
- Sobre a Hemodiálise, único setor em que a Gamp acertou na escolha dos médicos, ainda não foi inaugurada. Abrir um setor com um custo tão elevado, onde uma falta de material põe imediatamente a vida de dezenas de pessoas em risco, sem garantia de orçamento para sustentá-lo, é total irresponsabilidade.
Fonte: Sindmepa