Um médico em greve de fome e problemas graves na saúde do Estado do Tocantins, levaram a Federação Médica Brasileira (FMB) a divulgar uma carta à sociedade tocantinense para reforçar sua disposição em contribuir para o equacionamento da grave situação em que se encontra a assistência à saúde no Estado.
Comunicado à sociedade Tocantinense
A Federação Médica Brasileira (FMB) vem a público manifestar sua preocupação com as condições de atenção à saúde no Estado do Tocantins, particularmente no Hospital Geral de Palmas (HGP).
Em que pese os heroicos esforços da equipe médica e demais trabalhadores de saúde, as condições de assistência à saúde naquela unidade hospitalar são precárias e podem ser comparadas aos hospitais de campanha que são montados durante conflitos bélicos e catástrofes. Pacientes, inclusive crianças, são amontoados nos corredores e em uma tenda provisória montada ao final do ano de 2013. Um ambiente insalubre, seguramente prejudicial aos pacientes ali jogados e a todos os trabalhadores que ali labutam.
Uma política de recursos humanos ineficiente, a falta de um modelo assistencial hierarquizado, descentralizado e resoluto, uma política de financiamento insustentável; falta do acolhimento do controle social na construção das políticas públicas de saúde e efetiva fiscalização do cumprimento das mesmas, ausência de um modelo de gestão eficiente e eficaz, bem como o descompromisso com a defesa da dignidade do cidadão tocantinense.
Assim, insuficiência de profissionais, falta de condições de atenção, limitação de procedimentos, sobrecarga de demanda, ausência de insumos, entre outros, transforma o HGP em local de uma tragédia anunciada. Centro de agressão persistente aos direitos humanos de trabalhadores e usuários, reflexo do desmonte progressivo do SUS.
A Federação Médica Brasileira, através do Sindicato dos Médicos do Tocantins, coloca-se à disposição das autoridades públicas e da sociedade tocantinense no sentido de contribuir para o equacionamento da grave situação em que se encontra a assistência à saúde no Estado.
Na oportunidade, nos solidarizamos com os servidores públicos em greve geral e reivindicamos o estabelecimento de política de recursos humanos que garanta qualidade e segurança a todos os servidores públicos.
Manifestamos ainda nossa mais profunda solidariedade com o colega médico de Araguaina, Roberto Corrêa Ribeiro de Oliveira, que há um ano sem receber seus vencimentos, entrou em greve de fome. Rogamos às autoridades que prevaleça o bom senso e estabeleçam imediato diálogo que leve à solução destes conflitos.
Palmas (TO) 02 de setembro de 2016.
Waldir Araújo Cardoso – Presidente