As doenças cardiovasculares são responsáveis por cerca de 950 mortes diárias no país. O dado é da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e mostra a gravidade do problema, que não é exclusivo do Brasil. Afinal, são inúmeras as doenças possíveis, algumas delas velhas conhecidas da população.
As 5 doenças cardiovasculares mais frequentes
Mas você sabe quais são as principais doenças relacionadas ao coração que costumam acometer os brasileiros? O cardiologista Marcelo Rava de Campos lista as cinco principais e o modo como elas afetam o organismo.
Hipertensão arterial sistêmica (HAS)
Acontece quando o indivíduo apresenta níveis de pressão arterial que ficam acima do considerado normal. Atualmente, a meta definida ainda é de 120/80 mmHg. Conforme explica Rava, a HAS costuma causar problemas de médio em longo prazo, com lesões em órgãos como coração, cérebro, rins, além de artérias e retina.
“Mas também pode causar danos agudos, especialmente nos casos em que a pressão sobe rápida e exageradamente. Estas lesões podem ser responsáveis pelo desenvolvimento de cardiopatia isquêmica, insuficiência cardíaca, insuficiência renal, acidente vascular cerebral (AVC), demência, aneurismas e perda de visão”, ressalta ainda.
Cardiopatia isquêmica (CI)
Ocorre quando existe redução ou interrupção da circulação de sangue em uma ou mais artérias do coração (conhecidas como coronárias). O maior problema é que o quadro pode evoluir sem a presença de sintomas, passando por casos com angina de peito (dor torácica) até infarto agudo do miocárdio ou ataque cardíaco.
O cardiologista destaca que, por conta da diminuição do fluxo de sangue nas coronárias, ocorre uma lesão no músculo do coração, o que pode resultar em redução da força de contração ou de bombeamento e até mesmo em parada cardíaca e morte. Ou seja, vale ficar atento.
Insuficiência Cardíaca (IC)
A doença é caracterizada pela diminuição do fluxo de sangue bombeado do coração para o restante do corpo. Com isso, o volume é insuficiente para atender todas as necessidades de oxigênio e nutrientes do organismo. Por conta disso, podem ocorrer limitações na realização de atividade da rotina.
“A IC pode ser resultado de HAS mal tratada ao longo de anos ou de cardiopatia isquêmica com danos severos ao músculo do coração. É uma doença progressiva, podendo ter sérias implicações para a pessoa, devido à restrição física, arritmias e até morte súbita”, alerta o médico.
Fibrilação atrial (FA)
Trata-se de uma arritmia cardíaca frequente com o envelhecimento da população, em que ocorre a alteração do ritmo normal do coração, que passa a bater irregularmente. Pode causar quadros de mal-estar, palpitações, tonturas e até mesmo um AVC. Rava lembra que pessoas com fibrilação atrial precisam receber medicamentos anticoagulantes durante toda a vida, para prevenir o surgimento de problemas.
Morte súbita cardíaca (MSC)
“Um evento súbito e inesperado, que pode ser precedido por sinais e sintomas ou se apresentar em indivíduos assintomáticos. Geralmente, as vítimas possuem algum problema cardíaco de base, porém, frequentemente, o desconhecem”, define o cardiologista.
A doença é causada por uma parada cardiorrespiratória (PCR), em que a pessoa sofre uma arritmia grave chamada de fibrilação ventricular, na qual o coração não consegue bombear o sangue para o corpo. Bastam poucos segundos para que a vítima perca a consciência, pare de respirar e fique sem pulsação. Quando não tratada imediatamente, pode resultar em óbito.
Coração em dia: para incluir na rotina
Fumo, sedentarismo, obesidade, consumo elevado de sal, abuso de bebidas alcoólicas e alimentação recheada de gorduras. Não são poucos os hábitos que podem elevar as suas chances de desenvolver doenças cardiovasculares – e outros tantos problemas de saúde. O estresse, outra constante na correria da rotina, também entra na lista.
Ou seja, simples mudanças de hábito podem ajudar o seu coração a bater saudável por muito mais tempo. A primeira delas é incluir exercícios físicos regulares no dia a dia. De acordo com Rava, o ideal é investir em, no mínimo, 150 minutos por semana, com foco em atividades aeróbicas.
Uma dieta equilibrada, que inclua legumes, verduras e cereais, com baixa concentração de frituras, também está entre as dicas para manter a saúde em dia. Tudo isso sem deixar de lado, é claro, um tempo de lazer para relaxar e aliviar o estresse. Tomar uma cerveja de vez em quando, por exemplo, não é um problema. É fundamental, no entanto, evitar o abuso.
“As visitas ao médico periodicamente, para realizar exames preventivos e de avaliação ou para controlar os fatores de risco para as doenças cardiovasculares, assim como tratar as doenças já existentes, são fundamentais. Se a pessoa tem 35 anos ou mais, não deve iniciar um programa de treinamento físico sem antes ser avaliada por um médico e por um educador físico”, orienta ainda o cardiologista.
Atenção ao histórico familiar
Mas não é apenas o seu estilo de vida que pode oferecer riscos ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Fatores genéticos também estão envolvidos na equação e exigem cuidados. É o caso de problemas como hipertensão arterial, infarto do miocárdio, hipercolesterolemia, doenças do músculo cardíaco e algumas arritmias.
Pessoas que tenham pais ou irmãos com hipertensão arterial sistêmica, por exemplo, têm maior chance de desenvolverem o problema no futuro. Alguns quadros de colesterol elevado também podem ter relação com o histórico familiar. Nesse caso, o tratamento costuma ser mais difícil.
“A detecção dessa relação familiar pode ser relativamente simples, feita através de uma anamnese ou de exames simples em consultas de rotina, porém, outras vezes, só é feita a suspeita dessa relação depois que algum membro da família apresentou algum problema”, orienta Rava. Na dúvida, a dica é sempre buscar ajuda médica e não ignorar nenhum sintoma.
Fonte: Simers