Uma pesquisa do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal (Sindam) apontou que 56% dos lares de Porto Alegre têm um bichinho de estimação dentro de casa, tornando assim a capital líder brasileira nesse quesito, seguida de Curitiba (55%), outra capital do sul do Brasil.
Nessas horas vem à tona a pergunta do título: e as doenças respiratórias para as crianças, como ficam? Mito? Depende. Segundo o pneumologista infantil e chefe do Centro Integrado de Emergências Médicas do Hospital da Crianças Santo Antônio, doutor Sérgio Amantéa, se for analisado sob o ponto de vista imunitário, estudos trabalham que existam benefícios em um contato precoce, iniciando intrauterino e se prolongando ao longo do primeiro ano de vida. “O contato com animais de estimação pode ser feito em qualquer idade. Entretanto, após o primeiro ano, por características de desenvolvimento, é quando esta interação pode ser melhor trabalhada”, destacou o pneumologista Amantéa.
As pesquisas em cima de uma correlação entre animais domésticos e o comportamento da doença respiratória infantil não param, e são de extrema controvérsia. O difícil é estabelecer um resultado definitivo.
Mas existem análises favoráveis que apontam uma diminuição de processos infecciosos – principalmente nos dois primeiros anos de vida. Na Finlândia, por exemplo, 397 crianças foram acompanhadas desde o nascimento, se observou uma ocorrência menor no quadro de otite média aguda, que se trata de uma infecção no ouvido por uma bactéria. Os estudiosos acreditam que o resultado se deve a uma maior competência do sistema imunológico estimulado pela presença de animais de estimação.
“Doenças respiratórias alérgicas também têm sido descritas como de menor ocorrência na presença de animais. O pesquisador Colin e colaboradores, em grande estudo de base populacional conduzido no Reino Unido (cerca de 14 mil crianças), demonstrou um nítido fator protetor para a ocorrência de asma alérgica aos sete anos de idade. Tal dado, vem a corroborar a “Hipótese da Higiene”, teoria estabelecida há mais de 20 anos que aponta um fator protetor para a ocorrência de doenças alérgicas induzida por processos infecciosos principalmente na infância”, salientou o pneumologista.
Mas por outro lado, diversos estudos apontam também para danos associados a exposição das crianças com animais, tanto do ponto de vista infeccioso quanto alérgico, mas enfatizado os animais que não pertencem a família. Segundo Amantéa, “Krueger e colaboradores (Zoonoses Public Health. 2016), com dados obtidos de um grande estudo transversal com cerca de 50 mil participantes, encontraram um risco aumentado de sintomas de trato respiratório, gastrointestinal e cutâneos/oculares na convivência com os bichos”.
Os benefícios que são realmente comprovados com a convivência entre animais e crianças são os sociais. Além de melhorar as habilidades de comunicação, também está associada a uma menor ocorrência de depressão, ansiedade e outros distúrbios psicológicos e comportamental.
Fonte: Simers