Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, ao menos 1% da população mundial tem algum tipo de transtorno alimentar. Entre os mais comuns está a anorexia, em que a pessoa afetada vê a sua imagem corporal de maneira distorcida, bem distante da realidade.
Conforme explica a médica Maria Angélica Antunes Nunes, especialista nas áreas de saúde mental e epidemiologia, o problema é mais frequente no sexo feminino (a proporção é de quatro mulheres para um homem), e costuma ser mais recorrente em adolescentes e jovens adultos.
Diferente do que é comum imaginar, não se trata propriamente da falta de apetite, mas sim da restrição voluntária da ingestão alimentar, como define Maria Angélica. Embora a causa exata da anorexia ainda seja desconhecida, acredita-se que fatores psicológicos e biológicos estejam envolvidos no desenvolvimento do quadro.
Anorexia pode ser fatal
Pouco debatida, nem sempre a doença é considerada em toda a sua amplitude. Afinal de contas, a anorexia pode ser fatal. Com a presença constante do medo de ganhar alguns quilos e não conseguir atingir a imagem corporal desejada (mesmo que o peso esteja abaixo do considerado normal), a desnutrição pode se tornar uma realidade.
Desnutrido, o indivíduo fica fraco e suscetível a uma infinidade de outras doenças, que vão desde aquelas relacionadas ao sistema digestivo até quadros agressivos de depressão e ansiedade. Ou seja, não basta apenas ficar de olho nas questões físicas, também é preciso ter atenção redobrada com a saúde mental.
Na hora de iniciar o tratamento, um dos maiores desafios é conseguir que a própria pessoa perceba seu problema e entenda que necessita de ajuda, mesmo quando a imagem refletida no espelho não é a mesma que ela faz de si. É por isso que a abordagem deve envolver sempre uma equipe multidisciplinar e todo o suporte que a própria família pode oferecer.
Em geral, o tratamento envolve três frentes: promover uma mudança na rotina alimentar que eleve o peso para níveis seguros, tratar os problemas psicológicos que surgem relacionados ao transtorno alimentar e minimizar as situações e comportamentos que possam levar a uma recaída. Tudo depende, é claro, de uma análise precisa do quadro do paciente.
Ajuda familiar pode fazer toda a diferença
Identificar um quadro de anorexia nem sempre é tarefa fácil. Diante de qualquer suspeita, no entanto, é fundamental buscar ajuda médica. “Os familiares devem ficar atentos quando ocorre alteração do comportamento alimentar e perda de peso. Às vezes ela é lenta, mas também pode ser rápida. O que deve ser salientado é que os familiares estão percebendo a mudança”, explica Maria Angélica.
Também é importante dar atenção a comentários que revelam insatisfação e distorção da imagem corporal. Para ajudar, é essencial se mostrar compreensivo e paciente com a situação. Afinal, nem sempre a aceitação do problema ocorre no primeiro momento, o que pode dificultar o início do tratamento. Lembre-se de que sem esse elo de confiança é difícil chegar até a pessoa e oferecer a ajuda que ela tanto precisa.
Fonte: Simers