Como você tem encarado o envelhecimento e, sobretudo, como tem tratado as pessoas idosas de seu convívio, direto e indireto? Lançadas pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) as perguntas têm como objetivo provocar na população brasileira uma reflexão quanto à forma com que têm convivido com a perspectiva da velhice e lidado com os idosos. “Mais do que isso, queremos com esta iniciativa inspirar uma mudança na maneira como temos lidado com o envelhecimento”, explica o presidente da SBGG, o médico geriatra José Elias Soares Pinheiro.
A campanha acontece por meio da rede social Facebook da Sociedade (@SBGGOficial) em prol da celebração do 1º de outubro – Dia Internacional do Idoso e visa estimular as pessoas a pensarem sobre a questão e compartilharem suas percepções sobre o “ser idoso”. A iniciativa, promovida pela SBGG, está alinhada com a proposta da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da HelpAge International para a data.
De acordo com o presidente da SBGG, é preciso traçar estratégias que possam coibir certas práticas ainda culturalmente vivas e que contribuem para um comportamento preconceituoso. “Determinadas atitudes podem ter impactos severos neste indivíduo que envelheceu ou que envelhece, podendo afetar a qualidade de vida e a saúde física e mental da pessoa”, relata Pinheiro. Ainda segundo o geriatra, algumas pessoas mais velhas podem se sentir como um “fardo” para a família e sociedade como um todo. Com isso, podem passar a perceber suas vidas como “menos valiosas” em relação aos demais, os colocando em risco de depressão, isolamento social e, até mesmo, a morte.
Embora o aumento do número de idosos traga a necessidade de modificações expressivas em áreas diversas como econômica, social, saúde, trabalho e familiar, pouco tem sido feito neste sentido de inclusão. Isso, segundo Pinheiro, ocorre porque os idosos representam um segmento populacional ainda rotulado como sendo frágil, de pouca renda, improdutivo, portador de doenças crônicas e relacionado a perdas. “Ainda é comum os olhos da sociedade se voltarem para a velhice com rótulos e estigmas que não representam mais esta parcela de nossa sociedade”, afirma o presidente da SBGG.
O envelhecimento faz parte de um processo natural do ser humano, que tem início desde o nascimento. Só no Brasil, o número de idosos já alcança 22,9 milhões (11,34% da população) e a estimativa é de que nos próximos 30 anos esse número mais que triplique. A expectativa de vida do homem brasileiro é em média 74 anos e da mulher brasileira 77 anos. Nos países em desenvolvimento, ser idoso é ter 60 ou mais anos de idade. A expectativa de vida aos 60 anos é de 21,1 anos. Isso significa que esta perspectiva pode variar dos 60 anos até um pouco mais de 100 anos de idade.
A SBGG tem buscado promover iniciativas que estimulem um envelhecimento ativo, com autonomia e independência para sua população. Para isso, a entidade acredita que a mudança deve começar ainda na esfera do período educacional, conscientizando os jovens que envelhecer não é a via final, que a expectativa de vida aumenta a cada ano e que há muito o que se viver.
No campo da saúde, apesar de a Política Nacional do Idoso assegurar, em seu art. 2º, direitos que garantem oportunidades para a preservação de sua saúde física e mental, bem como seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social em condições de liberdade e dignidade, a realidade é outra. “Os direitos e necessidades dos idosos ainda não são plenamente atendidos. No que diz respeito à saúde do idoso, o Sistema Único de Saúde (SUS) ainda não está adequado para amparar esta população”, relata o geriatra e presidente da SBGG.
Quebre os Estigmas
Rugas, cabelos grisalhos e/ou brancos, perda de cabelos, menos capacidade de realizar atividades simples como ir ao banco, ao supermercado, caminhar, sair com os amigos, namorar, fazer sexo.
Se esta é sua visão de envelhecimento é hora de repensar. Estes estereótipos não podem generalizar o perfil do idoso. Cada dia mais os idosos tem alcançado esta fase da vida mais saudáveis, com independência e autonomia.
Abaixo, elencamos os principais estigmas:
1. Idosos são incapazes
Cada dia mais é possível verificar o contrário. Com o aumento da expectativa de vida e do número de idosos é notório o quanto eles estão mais ativos, independentes e com autonomia. O que ainda falta para que esta verdade seja expandida é haver políticas públicas voltadas para as necessidades desta população: desde mobilidade, até empregabilidade, educação, cultura, lazer. Como qualquer outro indivíduo
2. A velhice é triste
Você já viu um grupo de idosos em viagens de grupo? Ou mesmo com sua família?! Já os viu dançando, namorando?! Pois bem, a velhice de longe é sinônimo de tristeza. Como dissemos nada deve ser generalizado. Há sim pessoas idosas com depressão, assim como em outras faixas etárias. Esta condição não está condicionada a idade, mas a saúde.
3. Idosos são “velhos” e ultrapassados
Os idosos estão cada dia mais conectados a computadores, celulares e outras tantas atividades tecnológicas. Estas práticas além de conectarem com um mundo, ainda ajudam na manutenção das habilidades cognitivas. Inclusive, uma pesquisa daMayo Clinic atestou isso, com base nos resultados obtidos ao acompanhar por quatro anos 1.929 pessoas com mais de 70 anos.
4. Idosos não são produtivos. São inúteis ao mercado de trabalho e a econômica
Segundo o Estatuto do Idoso é considerada idosa toda pessoa igual ou superior aos 60 anos de idade. Nesta idade, o ser humano – se saudável e sem restrições – está ativo e pode sim exercer diversas funções no mercado de trabalho. O que ocorre hoje (e foi exacerbado pela conjuntura econômica pela qual o país passa) é que há oferta de mão de obra desta população, mas o mercado não absorve.
5. Estar velho é o prenúncio do fim
Engana-se quem vê a velhice como o momento em que a vida termina. Pelo contrário. Para muitos idosos, é nesta fase que ela começa! Esta proximidade da terminalidade, da finitude do ser humano não se restringe aos idosos. Estamos todos sujeitos a ela. Atualmente, os idosos realizam atividades diversas de lazer, culturais, intelectuais, educacionais e físicas. Com isso, extraem o melhor que o organismo consegue proporcionar.
Confira o calendário de atividades das seções da SBGG no Brasil
Ações da SBGG no Dia Internacional do Idoso. Confira as atividades já confirmadas
(atualizado em 27/9 – às 12h30)
SBGG-Pernambuco
Data: 01/10
Hora: a partir de 8h
Local: Parque da Jaqueira, Parque da Macaxeira e Mercado de Casa Amarela – Recife-PE
Ações previstas: orientar a população sobre o envelhecimento com qualidade e saúde; sobre o que é geriatria/gerontologia. Também serão avaliados os locais de acessibilidade no Recife e Olinda.
Quem pode participar? Toda a população presente, de qualquer idade – afinal o envelhecimento é sobre todos nós!
Organizadores: SBGG-PE e Universidade de Pernambuco
SBGG-MT
Data: 01/10/2016
Hora: a partir de 7h30
Local: Parque Tia Nair – Cuiabá/MT
Ações previstas: aferição de pressão arterial, medida de glicemia capilar, dança sênior, aula de alongamento, jogos e desafios relacionados à cognição
Quem pode participar? Toda a população
Organizadores: SBGG-MT
Mais informações: facebook SBGG-MT
SBGG-DF
Data: 04 de outubro de 2016
Hora: 13h às 16h30
Local: Auditório Central da Universidade Católica de Brasília – campus Taguatinga
Ações previstas: Workshop com palestras e debate
Quem pode participar? Idosos, familiares, cuidadores, profissionais de saúde, estudantes
Organizadores: SBGG-DF; SES-DF, governo do DF, Universidade Católica de Brasília
Ações já realizadas
SBGG-AL
Data: 25/09
Atividade: I Circuito Alagoano da Longevidade
Fonte: SBGG