A articulação de dezenas de entidades representativas dos médicos com deputados e senadores no sentido de criar a Frente Parlamentar da Medicina – FPMed é uma necessidade “para defender os pacientes contra eventuais desmandos do poder central”. A opinião é do presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), Luiz Antonio Munhoz da Cunha.
Munhoz da Cunha lembra que a SBOT foi pioneira na tese de que, da mesma forma que ruralistas, evangélicos, entre outras categorias, tem frentes parlamentares que defendem seus interesses, os médicos precisam ter voz ativa no Congresso.
Com a Frente, os médicos vão contribuir com os subsídios de sua vivência na linha de frente do atendimento da população para as decisões do Executivo e as propostas do Legislativo que digam respeito à Saúde Pública. Para o especialista, a visão dos gabinetes nem sempre é exata, e o exemplo é o ‘Mais Médicos’ que tentou resolver as carências das cidades mais afastadas multiplicando o número de profissionais, mas sem o devido empenho na infraestrutura necessária para o atendimento.
A manifestação do presidente da SBOT foi em Brasília, onde participou da reunião preparatória do lançamento da FPMed, acompanhado por integrantes da Comissão de Políticas Públicas da instituição, Luiz Carlos Sobania, Sergio Okane e Fernando Antonio Mendes Façanha.
A SBOT foi escolhida juntamente com a AMB, o CFM, a FENAM, três deputados e representantes de outras entidades, para preparar a regulamentação e listar os objetivos da Frente, que será lançada no dia 18 de outubro, “justamente o dia de São Lucas, que é nosso patrono”, explica Munhoz da Cunha.
O ortopedista Sergio Okane insiste que “a Frente vai defender o paciente, não o médico, pois o importante é garantir uma Medicina de qualidade para a sociedade brasileira”. Ele entende que se existirem condições para um bom atendimento do paciente, a maioria das demandas dos médicos também estará atendida.
A mesma colocação é de Luiz Carlos Sobania, para quem há muito tempo se faz necessária a união das sociedades médicas para orientar os parlamentares. Ele explica que, houvesse esse esforço conjunto e o contato mais próximo do governo, não teria sido autorizada a criação indiscriminada de escolas de Medicina sem condições para a formação de bons profissionais. E cita o caso de uma ‘Faculdade’ criada na divisa de Goiás com Mato Grosso, com 200 vagas oferecidas a cada ano e cujos alunos terão que viajar pelo menos 500 quilômetros até Goiânia, para que possam fazer estágio.
O presidente da SBOT explica que a criação da FPMed foi longamente estudada pela entidade que preside que, ainda este ano trouxe representantes da frente semelhante que existe nos Estados Unidos para uma histórica reunião em Fortaleza. Nesse encontro foi analisada a responsabilidade das sociedades de especialidade, a forma de convencer os parlamentares a defenderem as bandeiras da Medicina. A ideia é que a Frente a ser formada trabalhe para eleger parlamentares alinhados com essas bandeiras e dispostos a lutar para que o Brasil tenha uma Saúde Pública que honre o direito que a população brasileira tem de ser bem atendida.
Fonte: Pautas Incorporativas