O alto índice de incidência de casos de tuberculose no Brasil, principalmente nas populações mais vulneráveis, levou o Conselho Federal de Medicina (CFM) a convidar representantes do Programa Nacional de Controle da Tuberculose do Ministério da Saúde (PNTC) e da ONG Parceria Brasileira contra a Tuberculose a falarem na quinta-feira, 20 de julho, no plenário da autarquia, sobre o que está sendo feito para melhorar os índices de tratamento da infecção.
As apresentações foram feitas pela médica Fernanda Costa, consultora do PNTC, e por Carlos Basília, secretário-executivo da ONG Parceria Brasileira contra a Tuberculose, que pediram o apoio do CFM para que o Brasil alcance, até 2035, a meta estabelecido pelas Nações Unidas, na carta de intenções Objetivo do Desenvolvimento Sustentável, de reduzir em 95% as mortes por tuberculose e em 90% os novos casos da infecção. Também está pactuado que no Brasil, ao final dos próximos 20 anos, a taxa de cura da doença seja de 85% e o abandono ao tratamento em menos de 5%.
“Esta é uma pauta de interesse mútuo e vamos analisar em plenário como podemos contribuir para que essas taxas sejam alcançadas”, afirmou o presidente do CFM, Carlos Vital, após a apresentação dos dois convidados. Fernanda Costa relatou que a tuberculose atinge principalmente populações pobres e vulneráveis e que o principal desafio hoje é aumentar a adesão ao tratamento. “O abandono é muito grande, o que aumenta o número de infecções multirresistentes”. A apresentação da representante do Ministério da Saúde pode ser acessada aqui.
Um questionamento realizado pelo conselheiro federal Emmanuel Fortes foi quanto à orientação do Ministério da Saúde quando o paciente se nega a fazer o tratamento. Fernanda Costa explicou que o ideal é quando o paciente adere por vontade própria, “daí porque o novo foco da OMS é no convencimento ao paciente, mas em casos em que ele se nega a usar a medicação, advogamos pelo tratamento compulsório, pois outras vidas estão ameaçadas”, respondeu Fernanda Costa.
O secretário-executivo da ONG Parceria Brasileira contra a Tuberculose, Carlos Basília, relatou casos de discriminação sofridos por portadores de tuberculose e informou que a doença mata cerca de 5 mil brasileiros por ano e que a taxa de infecção é de 35 mil casos por 100 mil habitantes, sendo que a meta da Organização Mundial de Saúde é de 5 mil casos por 100 mil. “Mas temos locais, como em populações marginalizadas do Rio de Janeiro, em que a taxa é de 90 casos para cada 100 mil habitantes”, alertou. Os dados estão no Manifesto em Defesa das Ações de Enfrentamento da Tuberculose no Brasil.
Ao final da apresentação, Carlos Basília e Fernanda Costa solicitaram a criação, no âmbito do CFM, de um grupo de trabalho para analisar forma de atuação no combate à tuberculose. Também elogiaram a sensibilidade da autarquia em debater o problema e se prontificar a buscar soluções.
Fonte: CFM
Foto: Divulgação/ONU