Um ano após as primeiras notificações de casos de microcefalia em Pernambuco – anteriores ao surto que viria a seguir -, mães de bebês portadores da malformação se unem ainda mais em busca de melhorias na saúde para os filhos. Nesta semana, a União de Mães de Anjos (UMA) começou a coletar as reivindicações de famílias de todo o estado para levar ao Governo de Pernambuco.
De acordo com Germana Soares, presidente da UMA, a lista de problemas enfrentados pelas mães é extensa, envolvendo uma rotina de remédios, vacinas, consultas médicas e benefícios. “Já levamos ao governo questionamentos mais urgentes, como a melhoria do atendimento no interior, que é precário, as vagas nos hospitais, que são insuficientes, remédios que não são fornecidos e vacinas especiais”, explica Germana, que é mãe de Guilherme, diagnosticado com a malformação.
De acordo com o último boletim da Secretaria Estadual de Saúde (SES), divulgado no último dia 2 de agosto, Pernambuco já soma 376 bebês cuja malformação congênita foi confirmada. São 376 famílias cujas realidades foram completamente alteradas com a chegada das crianças. Desde 1º de agosto de 2015, foram mais de 2 mil casos de microcefalia notificados no estado.
Nesta semana, o grupo de mães já se reuniu com o secretário de saúde do estado, Iran Costa, e com o ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra. Para o ministério, a UMA levou considerações sobre o Benefício de Prestação Continuada (BPC). “Esclarecemos a realidade das mães – 98% das que trabalhavam tiveram que sair do emprego, deixando de ter uma vida estabilizada. Agora elas têm direito a um benefício que não é suficiente pra uma mãe que precisa comprar vários remédios, medicamentos de R$ 300”, pontua Germana Soares.
Já para a Secretaria de Saúde, a pauta foi a melhoria na assistência para as crianças. De acordo com a SES, a ideia é manter o contato com as famílias, para ouvir as mães e entender suas demandas.
A rede solidária de mães é estruturada para auxiliar famílias em todo o estado, com núcleos no Recife, em Ipojuca, Caruaru, Belo Jardim, Salgueiro e Arcoverde. Até o fim do ano, a UMA pretende chegar também no Sertão. “Somos mães convivendo dia a dia com as dificuldades, sem muita estrutura, mas com muita boa vontade. O grupo é grande, e nossa intenção não é bater de frente com o governo, e sim nos aliarmos para seguirmos lutando pela qualidade de serviços de saúde para nossos filhos”, declara Germana.
Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que o governador Paulo Câmara se reuniu três vezes com representantes de grupos de apoio às crianças com microcefalia e definiu a abertura um canal de diálogo permanente com essas famílias. A SES disse também que todos os pontos discutidos estão sendo analisados e debatidos, inclusive, com técnicos de outras pastas.
Ainda de acordo com a SES, o poder público vem ampliando a rede de atendimento às mães de bebês com microcefalia. No ano passado, eram duas instituições de saúde. Hoje, segundo o governo, são 24 e, até o fim de agosto, mais dois municípios vão contar com serviços voltados para esse público. A secretaria também negou que houvesse falta de vacina.
Já o Ministério de Desenvolvimento Social e Agrário esclareceu que o ministro Osmar Terra participou de uma reunião com a UMA e o governador Paulo Câmara no dia 27 de julho. Quanto ao valor do Benefício de Prestação Continuada (BPC), o ministério afirmou que ele é estabelecido pela Constituição e que, por isso, não seria possível alterá-lo.
Fonte: G1