A cirurgia bariátrica é reconhecida mundialmente por ser eficaz no combate à obesidade severa e mórbida. Embora a cirurgia seja relacionada ao trato gastrointestinal seus efeitos incidem sobre outras partes do corpo e, consequentemente, promovem uma grande contribuição no combate às doenças associadas como, por exemplo, diabetes, hipertensão, controle dos índices de colesterol e triglicérides, problemas ortopédicos, alguns tipos de cânceres, entre outros. Estudos recentes revelam que o procedimento também pode auxiliar com o aumento da fertilidade nos homens.
“A relação direta existente é que a obesidade provoca um desequilíbrio na produção de hormônios responsáveis pela qualidade e quantidade do esperma. A perda ponderal promovida pela cirurgia bariátrica auxilia na regularização dessas funções e contribui com o aumento na fertilidade nos homens”, explica Dr. Josemberg Campos, presidente da SBCBM – Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.
Eficácia comprovada
O Instituto de Urologia e Rins, da Cleveland Clinic, nos Estados Unidos, realizou um dos principais estudos para avaliar as alterações no sémen e os níveis hormonais em homens antes e após nove a doze meses da realização de cirurgia bariátrica, com a técnica da gastrectomia vertical. Observou-se uma melhora considerável na fertilidade, com a perda de peso.
Quarenta e seis pacientes foram divididos em três grupos de acordo com análise de esperma inicial: 28,3% com azoospermia (sem espermatozoides), 41,3% com oligospermia (espermatozoides inferiores a 15 milhões por ml) e 30,4% do grupo normal. A perda ponderal mostrou uma melhora percentual na contagem de testosterona em todos os grupos e significativa em homens com oligospermia.
Uma pesquisa da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) que acompanhou durante dois anos 20 homens que passaram pela cirurgia bariátrica avaliou o impacto das modificações no estilo de vida e qualidade do esperma desses pacientes. No final, o estudo concluiu que a perda de peso promovida pela cirurgia bariátrica não só não interferiu com a qualidade do esperma dos pacientes como aumentou a qualidade de função sexual.
Um estudo feito com seis pacientes que fizeram bypass gástrico na Penn State Milton S. Hershey Medical Center, nos Estados Unidos, acompanhou os indivíduos durante um, três, seis e doze meses após a cirurgia bariátrica. Passado o período de um ano, detectou-se que os níveis de testosterona total urinário aumentaram significativamente três meses após a cirurgia e permaneceram assim ao longo do estudo.
Não foi notada nenhuma alteração nos parâmetros do sémen ou concentrações de estrogênio no soro ou na urina. Embora seja um estudo com amostra pequena, as medidas repetidas de análise de sêmen do pré-operatório para até um ano da realização da cirurgia são novas. Ainda de acordo com os resultados o aumento dos níveis de testosterona é, provavelmente, responsável pela tendência para a melhoria da função erétil masculina observado no estudo.
Mulheres podem engravidar
Assim como nos homens o excesso de peso e a obesidade também prejudicam a fertilidade feminina e podem comprometer a gestação. Porém, já é notório que a cirurgia bariátrica permite que as mulheres operadas possam realizar o sonho da gravidez com mais facilidade e ter uma gravidez mais segura e saudável. Além disso, o tratamento cirúrgico da obesidade diminui as chances da futura mãe ter diabetes gestacional, eclampsia, parto prematuro ou até mesmo aborto espontâneo.
Estudos mostram que engravidar com grande excesso de peso aumentam os riscos de a criança sofrer com o mesmo problema. “Por segurança as mulheres que realizarem cirurgia bariátrica só poderão engravidar um ano e meio da realização da operação. Vale ressaltar que é preciso redobrar os cuidados na hora de manter relações sexuais. Nos três primeiros meses a mulher deve usar anticoncepcional e o parceiro preservativo, que serve de segurança extra para caso o corpo não absorva corretamente o remédio”, alerta Dr. Josemberg.
Cirurgia Bariátrica
A cirurgia bariátrica é indicada quando o médico e o paciente se convencem que as tentativas colocadas em prática para eliminar peso por meio de tratamento clínico, como exercícios físicos, reeducação alimentar e medicamentos, não surtiram o efeito esperado.
De acordo com as orientações da Resolução n° 2.131/15, estabelecidas em reunião conjunta com o Ministério da Saúde e o Conselho Federal de Medicina, a cirurgia é liberada apenas para pacientes com IMC igual ou maior que 40kg/m² e pode ser realizada em casos de IMC entre 35kg/m² e 40kg/m², desde que o paciente tenha comorbidades como, por exemplo, diabetes e hipertensão. O IMC é calculado a partir da divisão do peso pela altura ao quadrado.
Em 2015 foram realizadas no país cerca de 93,5 mil cirurgias bariátricas, número 6,5% maior no comparativo com 2014 quando foram realizados aproximadamente 88 mil procedimentos. Deste total, entre 8% a 10% das cirurgias foram feitas no sistema público de saúde (SUS).
Fonte: Lifestyle ao Minuto