As médicas que trabalham nas escolas de medicina públicas dos Estados Unidos ganham cerca de 20.000 dólares a menos que os homens por ano, revelou um estudo divulgado esta segunda-feira, oferecendo mais um evidência das desigualdades salariais persistentes entre homens e mulheres.
As conclusões, publicadas na revista científica Journal of the American Medical Association (JAMA) Internal Medicine, foram baseadas em dados salariais de médicos acadêmicos em 24 escolas médicas públicas em 12 estados.
No total, foram analisados os salários de mais de 10.000 médicos. Cerca de um terço dos participantes do estudo eram mulheres, “uma proporção comparável à observada em outras escolas de medicina dos Estados Unidos não incluídas no estudo”, afirma o artigo.
Em números brutos, sem levar em conta fatores como idade e experiência, as mulheres ganharam 206.641 dólares por ano, em comparação com 257.957 dólares dos homens – uma diferença de mais de 51.000 dólares.
Uma análise mais detalhada revelou que a classificação da faculdade, idade, anos desde a residência, especialidade, participação em ensaios clínicos e ter tido pesquisas publicadas foram fatores responsáveis por parte dessa diferença salarial.
Mas após incluir essas variáveis nos cálculos, as mulheres ainda ganharam, em média, 19.878 dólares a menos que os homens por ano, segundo o estudo.
“Nosso uso de dados publicamente disponíveis sobre salários de empregados do estado destaca a importância da transparência nos salários médicos para os esforços de redução da brecha entre os rendimentos de homens e mulheres”, afirma o estudo, liderado por Anupam Jena, médico na Faculdade de Medicina de Harvard.
As maiores diferenças foram vistas entre os cirurgiões de especialidade, com as mulheres no topo da escala da sua profissão tendo ganhado tanto quanto os homens na metade dessa escala.
“Os salários das professoras catedráticas do sexo feminino (US$ 250.971) foram comparáveis aos dos professores associados do sexo masculino (US$ 247.212)”, diz o estudo.
As mulheres tendiam a ser mais jovens do que os homens, e mais mulheres se especializaram em medicina interna, pediatria, obstetrícia e ginecologia.
“As mulheres também tinham menos publicações no total, eram menos propensas a receber financiamento dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) e menos propensas a ter conduzido um ensaio clínico”, afirma o estudo.
Um editorial que acompanha o artigo na revista pediu “coragem e liderança de mulheres médicas acadêmicas (…) para lutar pela eliminação” das diferenças salariais.
“A correção das diferenças salariais entre médicos do sexo masculino e feminino na medicina acadêmica exige mais do que apenas estudos que mostram que elas existem; são necessários esforços conjuntos para compreender e eliminar a brecha”, escreveu Vineet Arora, médica da Universidade de Chicago.
Fonte: Isto É