Com instalações deterioradas, falta de equipamentos e materiais o Hospital Regional de Tucuruí enfrenta problemas no seu funcionamento. A constatação foi feita em recente visita técnica realizada ao município pelo diretor do Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa), João Gouveia. A carência é tamanha que até mesmo lençóis, travesseiros e fronhas precisam ser levados pelos pacientes. A visita durou dois dias e incluiu diversos locais, como a Unidade Municipal de Saúde e o Hospital Municipal, que estão em boas condições.
“Consideramos que as unidades municipais estão em condições adequadas, apena necessitando de pequenas melhorias. A UPA de porte II também apresenta atendimento de boa qualidade e o programa Estratégia Saúde da Família está muito bem estruturado, cobrindo quase 80% da população”, relata o diretor.
“Em relação ao Hospital Regional é onde se encontra o gargalo da saúde no município, pois suas instalações estão deterioradas e as únicas alas que estão em melhores condições e que foram reformadas recentemente são a maternidade e pediatria”, afirma João Gouveia.
Embora o centro cirúrgico disponha de quatro salas de cirurgias, apenas duas estão em pleno uso, já que uma delas está desativada e a outra sendo utilizada de forma precária, afirma o diretor. Faltam materiais de qualidade para a realização de neurocirurgias e cirurgias da ortopedia, que necessita de um raio X com intensificador de imagem.
“Em todos os locais visitados é visível a carência. Não tem lençóis, travesseiros nem fronhas. Só tem um fisioterapeuta para todo o hospital que há mais de um ano está sem tomógrafo” comenta Gouveia, que ainda conclui, “O Sindmepa constatou ainda que numa ala de enfermarias duas salas foram isoladas e permanecem de portas fechadas com a justificativa de se tratar de apartamento funcional para funcionários. “Vamos denunciar isto porque é totalmente irregular”.
Ainda durante a visita foi identificada uma UTI improvisada na urgência e emergência, com três leitos em local totalmente inadequado, pois a CTI do hospital com sete leitos estava lotada. A esterilização do hospital também está comprometida, informa o médico. Necessita de um novo autoclave pois o existente está com defeito. No laboratório, dois aparelhos de grande importância para suporte, diagnóstico e tratamento estão com defeito e só há farmacêutico bioquímico no período do dia.
Durante a visita, em audiência com o secretário municipal de saúde, Charles Tocantins, foi informado que houve reajuste na data-base de 8,49% aos funcionários mas os médicos são contratados através de empresas terceirizadas. A prefeitura está sendo instada pelo MPE a acabar com esta forma de contratação e realizar concurso público.
Estado de greve
Durante a visita técnica foi realizada assembleia geral dos médicos que trabalham no Hospital Regional e no municipal, ficando decidido que será elaborado um relatório circunstanciado por setor de especialidade para cobrança junto à Sespa das melhorias no hospital. Os médicos do HRT resolveram manter o estado de greve, pois além da falta de condições adequadas para realização de suas atividades profissionais, a Sespa vem cortando honorários de serviços já realizados sem que tivesse havido qualquer acordo para isso. Será solicitada reunião com a Sespa para resolver problemas do trabalho e a regularização do pagamento acordado, inclusive do corte efetuado.
Durante a AGE, médicos denunciaram que informações vindas da Sespa garantem que o hospital vai fechar as portas para urgência e emergência e iriam suspender os atendimentos em psiquiatria e o serviço de cirurgia reparadora em queimados e outros casos. As informações ficaram de ser apuradas e, caso se confirmem, será denunciado ao Ministério Público por ser um grave prejuízo à população por ser este o único hospital que atende a área industrial da hidroelétrica de Tucuruí.
Fonte: Sindmepa