Conhecido comumente como “câncer de estômago”, atualmente o câncer gástrico é o quinto mais comum no mundo e o terceiro mais mortal, com mais de 720 mil mortes em 2012. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (Inca), prevê mais de 20 mil novos casos em 2016.
Por ser uma doença agressiva e de difícil tratamento, grande parte dos pacientes é diagnosticada com câncer gástrico em seu estágio avançado (estágio III ou IV), comprovando que o diagnóstico tardio é um dos principais desafios em relação a esta doença. Entre os pacientes com câncer gástrico avançado, somente 12% sobrevivem até os 5 anos.
“Ele é um dos mais agressivos, nas fases iniciais ele é silencioso, muitas vezes quando ele já está em fase avançada. E nesta fase ela se torna crônica e incurável, e uma vez que se torna crônica é bastante agressiva. O paciente pode falecer em um período bem curto”, afirma o médico oncologista Dr. Tulio Pfiffer, do Hospital Sírio Libanês e ICESP.
Câncer Gástrico
Em geral, o câncer é definido pelo crescimento desordenado de células que invadem tecidos e órgãos. No caso do câncer gástrico, as células cancerosas se formam no estômago e se desenvolvem lentamente, geralmente ao longo de muitos anos, e muitas vezes, passam despercebidas. Com o avanço do câncer de estômago, ele pode viajar por meio da corrente sanguínea e se espalhar para órgãos como o fígado, pulmões e ossos.
Fatores de risco
Os principais tipos de fatores de risco relacionam-se ao estilo de vida, como fatores dietéticos, baixa ingestão de frutas e vegetais, e alta ingestão de sal, comidas defumadas e embutidos, e consumo de tabaco. Há também fatores de risco por doenças já existentes, como a bactéria H. Pylori, gastrite crônica, metaplasia intestinal (Barret), anemia perniciosa e pólipos gástricos. Além disso, há fatores demográficos, como maior índice em pessoas do sexo masculino, com idade avançada ou com histórico de familiares com câncer gástrico. Em estágio inicial ele é geralmente assintomático. Alguns dos sintomas que podem ocorrer nesta fase são náuseas, perda do apetite, empachamento epigástrico e queimação. Já em estágio avançado são sangue nas fezes, vômitos, perda de peso repentina e icterícia.
“Cerca de 70% das pessoas irão apresentar essa bactéria H. Pylori ao longo da vida. A maioria das vezes a bactéria não causa problema nenhum. Muitas vezes ela causa gastrite, úlceras e próprio câncer. Ao ser diagnosticada, ela deve ser tratada a fim de combatê-la”, afirma o Dr. Tulio Pfiffer.
Alerta médico
É muito comum na região amazônica a população recorrer a alguns recursos naturais em busca de sanar algum mal ou doença. Chás, ervas, raízes e sementes fazem parte da vida de muitas pessoas que buscam uma vida saudável. Por exemplo, estudos mostram que o açaí pode diminuir o colesterol ruim, triglicérides e combater alguns tipos de câncer, como o gástrico por exemplo. Sobre a afirmação o Dr. Túlio faz sua ressalva:
“Cerca de 80% dos pacientes oncológicos em algum momento procuram terapia complementar, e isso faz parte da natureza humana. Respeito a terapia complementar contanto que não abandone a terapia tradicional, pois muitas vezes o paciente acaba trocando um pelo outro. Se a pessoa tem sintomas, deve procurar um médico”, afirma.
Surge um novo aliado contra a doença
Aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em fevereiro de 2016, a empresa Eli Lilly do Brasil lançou na última quarta-feira (29) em São Paulo, o medicamento Cyramza, anticorpo monoclonal que atua inibindo a formação de vasos sanguíneos que nutrem o tumor.
“Ele é um medicamento biológico que age, não atacando a célula do tumor como os quimioterápicos, mas ele inibe o crescimento dos vasos sanguíneos que levam a nutrição do tumor”, afirma o médico oncologista da Lilly, Felipe Borges dos Reis.
O Cyramza é indicado em associação com paclitaxel (medicamento usado no tratamento do câncer) para o tratamento de pacientes adultos que tenham apresentado progressão da doença após quimioterapia prévia.
Dois estudos foram realizados com mais de mil pacientes para a comprovação da eficácia do Cyramza, o “Raibow” e o “Regard”.
O oncologista Dr Felipe Borges exemplifica os estudos realizados com o medicamento. “O Cyramza foi testado no estudo Raibow associado à quimioterapia, comparando com o tratamento isolado, com monoterapia”, explica.
No estudo Regard, o medicamento aumentou a sobrevida global dos pacientes de 3,8 para 5,2 meses, além de aumentar a sobrevida livre de progressão de 1,3 para 2,1 meses, comparado ao placebo. No Brasil, 38 pacientes participaram dos estudos.
Já no estudo Raibow, onde o Cyramza atua em combinação com o paclitaxel, o medicamento aumentou a sobrevida global dos pacientes de 7,4 para 9,6 meses, além de aumentar a sobrevida livre de progressão de 2,9 para 4,4 meses, quando comparado a placebo + paclitaxel. No Brasil, 35 pacientes participaram dessa segunda rodada de estudos.
“Os resultados dos estudos com Cyramza comprovam a eficácia do medicamento e a Lilly está muito satisfeita em trazer aos pacientes o primeiro anticorpo monoclonal para o tratamento do câncer gástrico avançado ou da junção gastroesofágica que falharam ao tratamento prévio da quimioterapia”, ressaltou Julio Gay-Ger, presidente da Lilly Brasil.
Fonte: A critica