Os olhos brilhavam mais forte ao verem a chegada dos mimos carinhosamente embrulhados. A boca cerrada rapidamente cedia espaço a um sorriso encantador, repleto de expectativa e de gratidão. A cena é resultado do trabalho voluntário liderado pela médica pediatra Marília, que oferece atendimento, atenção e carinho às crianças da Associação Comunitária Pró Amparo do Menor – Copame – em Santa Cruz do Sul e que já inspira seus alunos a fazerem o mesmo.
Há 23 anos Marília tem uma tripla jornada de trabalho entre hospital, consultório particular e o tempo dedicado às crianças da Associação Comunitária Pró Amparo do Menor – Copame – em Santa Cruz do Sul. A Copame é uma instituição que atende jovens de até 12 anos de idade em regime de abrigo, sendo mantidas financeiramente por doações voluntárias, contribuições dos associados e convênios firmados com prefeituras da região. O local abriga crianças vítimas de maus tratos, abandono e que se encontram em situação de risco. Com a dedicação de Marília, estes jovens podem usufruir de uma avaliação médica e cuidado com a saúde.
Atualmente, como também desempenha a função de professora dentro do curso de medicina da UNISC, a médica não conseguiu manter a visita semanal à Copame, mas recebe gratuitamente em seu consultório as crianças que precisam do atendimento pediátrico.
Marília não deixou de lado os valores do voluntariado, pelo contrário, passa diariamente esse aprendizado aos alunos de medicina. “Como professora faço atividade prática com os alunos para eles conhecerem de perto a realidade das crianças, mobilizando o médico com a visão humanística. Isso mexe muito com os estudantes. É importante eles saberem das necessidades dessas crianças, do histórico que elas possuem e aprenderem a identificar que, muitas vezes, o problema de saúde tem relação com uma questão emocional ou familiar”, destaca.
O trabalho realizado com os alunos de medicina já dura oito anos. “Os estudantes gostam tanto que se mobilizam para fazer campanha nas datas comemorativas. Inclusive na Páscoa, antes de viajarem para o feriado, mobilizaram a comunidade e conseguiram doações de chocolate, fraldas e leite para a instituição. As doações arrecadadas com o Trote Solidário, realizado pelo Núcleo Acadêmico do Sindicatos dos Médicos do Rio Grande do Sul (Simers) e as universidades, também são destinadas para a Copame”, relata Marília.
A aluna Elisa foi uma das organizadoras da ação de Páscoa na entidade e conta agradecida como o trabalho voluntário, orientado pela professora, mexeu com seus sentimentos: “Nunca tinha ido à Copame. Sempre me comovo com crianças sem família, sem estrutura. Isso me inspirou. Perguntei para professora Marília o que eles precisavam e comecei a organizar a campanha de Páscoa. Foi gratificante chegar lá e ver que podíamos ajudar. Se pudesse estaria muito mais tempo com eles. É importante nos doarmos nem que seja um pouquinho”. afirma.
Sobre as aulas práticas que a professora Marília realiza junto às crianças da Copame, Elisa considera gratificante: “Fora da sala de aula, vemos que existe um outro mundo além do consultório ou do hospital. Um mundo mais simples, crianças que não precisam apenas da parte médica, mas de atenção e um pouco de carinho”.
Fonte: Simers