O Brasil pode ter o primeiro medicamento genérico de prevenção a Aids e, com isso, frear o aumento do número de infectados pelo vírus HIV, que cresce principalmente entre os jovens. A expectativa é de que o remédio esteja disponível no País no início de 2017, iniciando uma estratégia estudada há alguns anos, de remediar previamente quem, assumidamente, tem comportamento de risco em relação à doença.
A empresa responsável por produzir o genérico no Brasil é a Blanver – integrante do grupo de indústrias farmacêuticas de Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDPs) com o Ministério da Saúde. Atualmente, o Brasil só tem remédios para combater a doença já instalada, não para prevenção.
Até o próximo dia 20, a Blanver deve enviar documentação de registro para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O próximo passo é a reguladora verificar se a eficácia corresponde ao produto de origem.
Composto por dois princípios ativos, a entricitabina e o tenofovir, o remédio será genérico do norte-americano Truvada. Este, já usado na prevenção da contaminação pelo vírus HIV em vários países, hoje é importado pelos brasileiros, mas por alto custo (mais de R$ 1,2 mil a embalagem de 30 comprimidos – o consumo é diário).
Preço
Estima-se que no Brasil o genérico vá custar em torno de R$ 350,00. Mas ainda não está definido se primeiro o produto vai primeiro às farmácias, ao SUS, ou aos dois.
O Ministério da Saúde também importa componentes para distribuição pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O uso, além das gestantes que não querem contaminar seus bebês, também é frequente por profissionais da saúde que, de alguma forma, acidentalmente se infectam no trabalho.
Importado, o produto também é usado no País por quem não quer usar preservativo e mantém relações sexuais. Esse é um dos públicos que o genérico vai atingir para a prevenção.
Segundo o médico infectologista Ricardo Hayden, que integrou até recentemente um grupo do Ministério da Saúde que debatia a questão, é importante lembrar que em diversos países, inclusive no Brasil, já se comprovou a eficácia do produto e do método de prevenção, em diversas pesquisas.
“São números excelentes. Em um dos estudos, no grupo que usou os medicamentos, houve redução do risco de aquisição de HIV de 44%, contando os que não tomaram remédio direito. Dentro desses 44%, quando o remédio atingiu nível bom, chegou a 92% a diminuição do risco de aquisição da doença”, explicou. Outras pesquisas apontam até 99% de eficácia.
Se respeitado o acordo de outras PDP’s, a Blanver deverá ter um prazo de até cinco anos para transferir a tecnologia à Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), que passará a a fornecer o genérico diretamente ao Ministério da Saúde.
Fonte: A tribuna