A típica curiosidade infantil pode levar as crianças a assumirem riscos enquanto brincam e exploram a casa. Sem muita noção de perigo, elas são capazes de puxar cabos de panelas, toalhas de mesa, fios elétricos e, não raro, experimentam colocar os dedinhos nas tomadas. Daí, basta um segundo de desatenção dos pais para um acidente ocorrer. Tanto que a estimativa da Sociedade Brasileira de Queimaduras é de que pelo menos 1 milhão de acidentes desse tipo aconteçam, por ano, no Brasil, sendo 300 mil em crianças, conforme observa a enfermeira Iara Cristina da Silva Pedro, do Centro de Tratamento de Queimaduras do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.
De acordo com o fisioterapeuta Juliano Tibola, membro da Diretoria Nacional da Sociedade Brasileira de Queimaduras, entre os incidentes mais comuns nas crianças de até seis anos de idade estão as escaldaduras, que são causadas pelo contato com líquidos quentes. A partir dos oito até os 12 anos, as lesões que ocorrem com mais frequência são as causadas pelo contato com combustíveis inflamáveis, tais como a gasolina, o querosene e o álcool líquido de uso doméstico.
O especialista chama a atenção para outro dado alarmante: 70% dos acidentes acontecem em casa, principalmente na cozinha, onde ficam o fogão e as panelas. A boa notícia é que, de acordo com Iara, 80% desses casos podem ser prevenidos com cuidados simples, como os que seguem:
– Não deixe as crianças sozinhas na cozinha, não permita que elas cozinhem e nem cozinhe com elas no colo.
– Sempre deixe os cabos das panelas virados para a parte de trás do fogão.
– Não forre a mesa com toalhas de pontas compridas, que possam ser puxadas.
– Teste a temperatura dos alimentos antes de oferecer aos pequenos.
– Procure conscientizá-los sobre os perigos das queimaduras, ensinando-os algumas atitudes de prevenção.
Em caso de acidente
O mais importante é interromper o processo de queimadura da pele imediatamente, lavando o local com água corrente, em temperatura ambiente, até que haja alívio da ardência. Depois, é necessário procurar um hospital, onde um médico poderá avaliar o grau da queimadura e indicar os cuidados necessários. “Jamais aplique margarina, café, urina, pasta de dentes, clara de ovo, pomada ou qualquer outra substância na região, pois isso pode agravar a lesão”, alerta Tibola.
As queimaduras variam de acordo com a profundidade da lesão e são classificadas em 1º, 2º e 3º grau. As de 1º grau deixam o local vermelho e não provocam bolhas. As de 2º grau atingem uma camada mais profunda da pele, provocam bolhas e precisam ser avaliadas por um profissional. O tratamento, nesse caso, poderá ser feito com curativos diários, feitos em casa mesmo. Mas também existe a possibilidade de o tratamento ser mais longo e complexo e exigir internação. Já as queimaduras de 3º grau podem atingir, além da pele, músculos, gordura e até mesmo os ossos. Esse tipo de queimadura, bastante grave, não cicatriza sozinha e sempre necessita de cirurgia.
Fonte: Sociedade Brasileira de Queimaduras