A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que o Zika vírus pode estar ligado a uma nova síndrome congênita. Além de casos de microcefalia em bebês gerados por mulheres infectadas pelo Zika, a OMS informou que o vírus, cujo principal transmissor é o mosquito do gênero Aedes, pode estar vinculado a outros problemas como danos cerebrais, convulsões, rigidez muscular (espasticidade), irritabilidade, e dificuldades de visão e no sistema digestivo.
“A relação espaço-temporal dos casos de microcefalia com o surto de zika e os dados dos relatórios de casos e estudos epidemiológicos geraram um sólido consenso científico sobre o envolvimento do vírus em defeitos de nascimento”, dizem especialistas em artigo publicado no boletim epidemiológico da OMS.
De acordo com o documento, para “definir adequadamente essa síndrome” são necessários mais dados tanto pré-natais quanto pós-natais, além de resultados de laboratório e diferentes testes e análises. “O zika é uma emergência sanitária diferente porque tem consequências sanitárias e sociais de longo prazo, e por isso exige enfoque coordenado, de vigilância, intercâmbio de dados e pesquisa”, defendem especialistas como Anthony Costello, do departamento de saúde da mulher, da infância e da adolescência da OMS, e Pilar Ramon-Pardo, do departamento de doenças infecciosas e análise sanitária da entidade.
O relatório é preliminar, mas alimenta a inquietação dos que acham que as Olimpíadas do Rio devem ser adiados ou transferidos, porque o Brasil é o País mais atingido pelo vírus. O comitê de emergência da OMS vai avaliar a situação nas próximas semanas. No entanto, pesquisadores brasileiros que participam do Programa de Computação Científica da Fundação Oswaldo Cruz (PROCC/Fiocruz) e da Escola de Matemática Aplicada da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro (FGV) prepararam um artigo com evidências científicas indicando que não há motivo para alterar as datas dos Jogos Olímpicos [5 a 21 de agosto] e Paralímpicos [7 a 18 de setembro] do Rio de Janeiro.
Cifra milionária para pesquisas
O governo federal lançou, na quinta-feira, 2 de junho, um edital que prevê R$ 65 milhões em recursos para pesquisas que contribuam na prevenção, no diagnóstico e no tratamento de infecções causadas pelo vírus Zika e doenças correlacionadas. Do montante, R$ 20 milhões são parte do orçamento do Ministério da Saúde, R$ 30 milhões do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e R$ 15 milhões do Ministério da Educação. Os recursos fazem parte de ações do Eixo de Desenvolvimento Tecnológico, Educação e Pesquisa do Plano Nacional de Enfrentamento ao Aedes aegypti e à Microcefalia, lançado em dezembro do ano passado.
Fonte: Saúde 247