Pelo menos onze hospitais situados no Interior e Região Metropolitana do Rio Grande do Sul registram paralisação ou possibilidade de suspensão da assistência médica. Segundo o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), que acompanha todos os movimentos e negocia com as direções dos estabelecimentos a regularização das pendências, os motivos que levam a essa situação extrema (quando não há mais alternativa além de paralisação) são meses de atrasos nos pagamentos dos profissionais e a falta de estrutura, insumos e medicamentos para atendimento dos pacientes.
“Os profissionais não podem ser os responsáveis por suportar a crise que afeta os hospitais no Estado e País”, alerta a vice-presidente do Simers, Maria Rita de Assis Brasil. A situação atual é uma das mais graves dos anos recentes, pelo número de movimentos que ocorrem ao mesmo tempo. Estão com suspensões de atendimentos os hospitais de Camaquã e Três Passos. Estado de greve foi decretado em Bagé, Uruguaiana e Osório. Em Gravataí, as dificuldades no Hospital Dom João Becker atingem pendências desde 2015. Em Viamão, além de atraso, há discussão sobre as condições de trabalho. Em Frederico Westphalen, em razão de atrasos desde dezembro de 2015, os médicos plantonistas do Hospital Divina Providência rescindiram os contratos.
A situação é perturbadora. Sem receber por meses, médicos são forçados a paralisar suas atividades e acabam sendo responsabilizados pelo fechamento das instituições. O motivo é a falta de repasses ou a ineficácia na gestão de recursos que atrasa salários e remunerações de médicos e outros profissionais de hospitais.
>> QUADRO:
Hospitais com médicos parados ou que podem suspender atendimentos. Os motivos são atrasos nos pagamentos e falta de condições de trabalho.
MÉDICOS PARADOS
>> CAMAQUÃ: Médicos do Hospital Nossa Senhora Aparecida (HNSA) estão com escalas de plantão e atendimentos suspensos desde 12 de junho. Atrasos de pagamentos de dois meses e ainda enfrentam redução de 12% nos salários desde a metade do ano passado. O hospital alega dívida de R$ 8 milhões.
>> TRÊS PASSOS: Salários atrasados desde janeiro de 2016. Procedimentos eletivos paralisados. Os médicos dos setores de urgência e emergência rescindiram os contratos (Hospital está contratando outros médicos para manter o atendimento).
MÉDICOS PODEM PARAR
>> BAGÉ: Médicos da Santa Casa de Caridade não recebem as remunerações desde março deste ano. Os obstetras estão em estado de greve desde maio. Os demais especialistas avaliam aderir ao movimento.
>> LAGOA VERMELHA: Hospital São Paulo tem atraso dos honorários desde fevereiro. O SIMERS vai notificar a instituição exigindo o pagamento imediato sob pena da suspensão do atendimento em 30 dias.
>> OSÓRIO: médicos do Hospital São Vicente de Paulo aprovaram estado de greve. Atrasos nos pagamentos desde fevereiro de 2016.
>> URUGUAIANA: Os médicos da Santa Casa de Caridade de Uruguaiana deflagraram estado de greve. Atraso de dois meses nos pagamentos. Faltam remédios, luvas para procedimentos, sabão líquido e até papel toalha.
ATRASO DE PAGAMENTOS
>> GRAVATAÍ: o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul informou ao Ministério Público Estadual (MPE) que ainda não há solução para o pagamento das remunerações atrasadas de abril a setembro de 2015 dos médicos do Hospital Dom João Becker (HDJB).
>> FREDERICO WESTPHALEN: contratos dos médicos plantonistas do Hospital Divina Providência foram rescindidos devido aos atrasos de pagamentos desde dezembro de 2015.
>> JAGUARÃO: Santa Casa não paga Autorizações de Internação Hospitalar (AIHs) desde janeiro de 2015.
>> ROSÁRIO DO SUL: dois meses de atraso (abril e maio) da remuneração dos médicos do sobreaviso do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora.
>> VIAMÃO: parte dos médicos prestadores de serviço do Hospital de Viamão (administrado pela Fundação que dirige o Instituto de Cardiologia) estão com remunerações em atraso. Discussão sobre condições de trabalho.
Fonte: Simers