Os médicos do Hospital Santa Casa de Caridade de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, decidiram, em assembleia nesta quarta-feira, 1º de maio, deflagrar estado de greve e podem pedir demissão coletiva dentro de 15 dias em virtude das más condições de trabalho e do atraso nas remunerações. Os mais de cem médicos do hospital ainda não receberam 70% dos valores relativos a março, além dos honorários de abril e maio.
A alegação é de que há falta de remédios, equipamentos e escassez de profissionais para manter escalas de plantão. Pelo estado de greve, podem ocorrer paralisações e manifestações a qualquer momento. Nos próximos dias, o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) deverá notificar o Ministério Público local e o Conselho Regional de Medicina (Cremers), além de outras entidades, a respeito da situação.
Conforme apurou o Sindicato, que organizou a assembleia da categoria, a Santa Casa estaria obtendo recursos da ordem de R$ 2 milhões para honrar com parte dos atrasados. “No entanto, não há garantia nenhuma de que esse pagamento vai ocorrer”, afirmou o delegado do Simers em Uruguaiana, Oscar Blanco. Esse valor, contudo, seria insuficiente para honrar sequer um mês.
A situação mais grave é nos setores de obstetrícia, que já não está mais aceitando pacientes de fora de Uruguaiana, e da pediatria, que deve ficar com apenas um profissional para atendimento nos próximos dias. O cenário está provocando êxodo de médicos a procura de novos locais de trabalho.
O Simers também verificou que o hospital está sucateado, com falta de medicamentos e equipamentos básicos para o exercício da Medicina. Os médicos relatam que, inclusive, tiveram que pagar do próprio bolso a compra de itens como toalhas de papel e sabão líquido.
O hospital, que é referência na região da Fronteira-Oeste do Estado, especialmente nas áreas de neurologia, oncologia e cardiologia, contava com 10 leitos de UTI, está com três deles interditados pela Vigilância Sanitária.
O descaso da administração da Santa Casa com os médicos ficou evidente na manhã de quarta-feira, quando havia sido marcada uma reunião com os representantes do corpo clínico. No entanto, após mais uma hora de espera, nenhum diretor compareceu nem prestou qualquer explicação.
Fonte: Simers