O Hospital Viamão, referência em traumatologia e importante em áreas como oftalmologia, neurologia e cirurgia geral para cidades da região metropolitana como Alvorada e Cachoeirinha, além de atender 260 mil viamonenses, no no Estado do Rio Grande do Sul, está vivendo uma situação caótica e de extrema preocupação. A sala de observação vem sendo utilizada como UTI e os médicos emergencistas continuam atendendo mesmo sem receber há quatro meses na instituição. O hospital oferece condições de trabalho insalubres aos médicos. Faltam medicamentos básicos para o exercício completo da medicina, fraldas, sondas, seringas, leitos na ala de psiquiatria – o que faz com que pacientes aguardem a internação deitados em uma sala de atendimento- além da falta de médicos nos plantões diurnos. Com cerca de 84% dos atendimentos feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a população de Viamão se mostra assustada com a ameaça de paralisação dos serviços do hospital.
De acordo com o Conselho Municipal de Saúde de Viamão, no início de 2016 o Estado não repassou a verba para a manutenção da estrutura, e agora o quadro do hospital só se agrava. O contrato firmado, em 2012, pela Secretaria Estadual de Saúde, prevê repasse de mais de quatro milhões mensais. De acordo com dados do Portal da Transparência, no mês de maio ocorreram repasses estaduais no montante de R$ 4 milhões. Entretanto, a situação continua grave. Funcionários do hospital afirmaram que estão comprando os medicamentos em falta, mas em quantidades ainda pequenas por falta de verba. Hoje, na farmácia do hospital, há remédios para apenas dois dias. Conforme também informações do Conselho Municipal de Saúde do município, alimentos são comprados em supermercados, também em quantidade reduzida, por causa de negativas de fornecimento pelos habituais parceiros.
Outro problema alarmante detectado na vistoria realizada pelo diretor do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), André Gonzales, na última terça-feira, 22 de junho, é a falta de médicos, pois a instituição não paga os profissionais e por conta disso não consegue mais contratações. Diante desse caos que vive o único hospital de Viamão, o Sindicato irá encaminhar um documento para o Ministério Público e para o Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) sobre o panorama da instituição, e protocolou um documento de agenda para reunião com o corpo clínico.
Representante da Prefeitura e da Secretaria Estadual de Saúde não comparecerem na audiência pública e população faz Petição online
Ainda na terça-feira, dia 22 de junho, o diretor do Simers participou de audiência pública na câmara de vereadores de Viamão, onde foi discutida a falta de condições de trabalho e a situação financeira do hospital do município. Durante a sessão, foi dito por parlamentares que o Secretário Estadual da Saúde assumiu o compromisso de fazer um cronograma para o pagamento da dívida e regularização dos repasses com os hospitais e municípios nos próximos dias. Representantes da Prefeitura, Secretaria Estadual de Saúde (SES) e do próprio hospital foram convidados a comparecerem na audiência, porém ninguém esteve presente.
Assustada com uma eventual possibilidade de a instituição fechar as portas, a população de Viamão, em conjunto do Conselho Municipal de Saúde, e entidades representativas criaram a campanha “Não Deixe o Hospital Viamão Parar” que está no facebook e uma petição online no AVAAZ, a fim de garantir o funcionamento da casa de saúde.
Fonte: Simers