Discussão sobre violência contra a mulher e responsabilidade dos médicos na denúncia desses casos também foi debatida
Confira as informações do primeiro dia do evento
No último dia de debates do 9º Fórum Ibero Americano de Entidades Médicas (Fiem), em Coimbra, Portugal, um dos temas de grande repercussão foi a questão do emprego, da precarização das relações de trabalho e a formação médica. O presidente da Federação Médica Brasileira (FMB), Waldir Araújo Cardoso participou do evento, assim como representantes do Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Médica Brasileira (AMB).
O presidente da FMB integrou a mesa que teve como tema “Cooperação e participação nas organizações médicas internacionais (estratégias, objetivos, propostas)”. Waldir Cardoso defendeu que as entidades médicas precisam dedicar atenção ao exercício profissional dos médicos jovens. “Estes médicos estão, em geral, saindo mal formados e caindo num mercado de trabalho cada vez mais explorador da mão de obra médica. Os médicos estão expostos a atuarem sem as mínimas garantias, condições de trabalho e segurança profissional frente a uma sociedade cada vez mais exigente dos seus direitos”, enfatizou.
Os médicos e a proteção às mulheres
Um debate que gerou bastante repercussão foi a violência de gênero. Foram apresentados dados de atividades para reduzir a violência contra a mulher nos últimos 10 anos na Espanha e que não surtiram efeito. “Há grande implicação deste tipo de violência para os serviços de saúde porque as mulheres procuram atendimento e quando constada a violência, os médicos são obrigados a comunicar às autoridades. É grande portanto, a responsabilidade dos médicos“, destaca o presidente Waldir Cardoso.
A mesa “Ação e grupos de trabalho 2: Emprego, Formação pré e pós-graduada, recertificação”, apresentou dados do Paraguai, Uruguai e Venezuela sobre a precarização das relações de trabalho e os graves problemas enfrentados por estes países na graduação em medicina e na residência médica. “Nestes três países estão implantados sistemas de recertificação médica periódica voluntária a cada cinco anos. Essa questão não existe no Brasil, mas apresentou-se como uma tendência”, comenta Waldir.
Carta de Coimbra
O tema “Consequências dos Tratados Comerciais para a assistência em saúde” foi muito relevante em outra mesa do dia e constatou que estes tratados são um grande perigo para os sistemas de saúde. “A globalização reduziu salários e maximizou lucros, ou seja, estes tratados reforçam a constatação de que eles estão acima de governos e países”, acrescenta Waldir, ao informar que a indústria farmacêutica é um exemplo dessa questão. A recomendação deste debate é incluir nos tratados comerciais cláusulas protetivas da saúde e o acesso aos medicamentos.
Ao final do evento, foi editada a Carta de Coimbra, que será divulgada em breve.
O Fiem tem como propósito reforçar a rede de intercâmbio para comunicar, cooperar e encontrar um ponto de harmonia sobre a ética médica e a competência profissional entre todas as organizações médicas da América Latina e Península Ibérica.
Alem do presidente da FMB, Waldir Araújo Cardoso, o CFM esteve presente ao evento com os médicos Carlos Vital (presidente) e com os conselheiros Emanuel Fortes Silveira Cavalcanti, Jeancarlo Fernande