A primeira assistência, ainda na caverna, foi daquele que por primeiro parou e perguntou ao seu semelhante que apresentava trauma ou mal estar, “o que você sente?”, sendo realizado assim o primeiro ato médico. Como não havia ciência e tudo era atribuído a forças superiores também a assistência foi cercada de crendices e daí ações místicas para conectar com o desconhecido através de orações e pantomima. Com tempo adquiriram crédito de possuírem poderes superiores e assim era como atuavam os pagés. A contestação da verdade permite o surgimento de boatos que ganham tons de veracidade e movem muitas pessoas que acreditam em humores especiais e ondas energéticas responsáveis por soluções ou causa de desgraças.
Na sua evolução a somatória de descobertas permitiu o desenvolvimento, onde as análises retrospectivas cercadas de erros involuntários conduzem grupos, cujo comportamento é regido por modismos ou crendices absurdas. Diante destas verdades as pesquisas necessitaram criar métodos com propostas prospectivas para melhor elucidarem as descobertas anteriormente catalogadas num só grupo para definir problemas semelhantes, mas, não iguais.
Entretanto a sua aplicação é que qualifica a arte médica, onde para sintomas iguais médicos diferentes optam por drogas com sais parecidos obtendo ambos, resultados favoráveis. Esta sensibilidade é que difere um de outro profissional ainda que sigam os mesmos conceitos. Ouvindo, perguntando, tocando e palpando, o médico colhe as informações que necessita para formar um diagnostico ou suspeita diagnostica.
Se logo é definido então o tratamento é recomendado e se existir alguma dúvida então solicita exame que tem a finalidade exclusiva de confirmar a suspeita, completar o raciocínio sem a finalidade única de obter o diagnóstico. O exame laboratorial somente deve ser solicitado nestas condições, para referendar a proposta diagnóstica ou para avaliar a intensidade do problema. Muito raramente a não ser em perícia medico/policial os exames são realizados para documentar os fatos. Nos locais de atendimento em massa com tempo limitado e quantidade de pacientes é pré-definida, a assistência humana fica impossível, pois não há tempo para tal. Muito nos entristece estar no consultório e ouvir um funcionário chamando “paciente 52, consultório 2”, nem ele nem o médico tem nome, são duas peças do teatro assistencial. Em geral a estrutura sem humanismo, exige atendimento de vinte pacientes em quatro horas sobrando dez minutos para cada um. Um ser humano deve atender outro com respeito e dedicação pela simples necessidade humanística.
Rodrigo d´Eça Neves é médico cirurgião plástico, presidente da Academia de Medicina de Santa Catarina.
Foto: Carla Cavalheiro