Não teve jeito, sou obrigado a voltar a esse triste assunto da morte súbita durante uma atividade esportiva. Neste começo de ano vários casos de jovens abaixo dos 30 anos foram divulgados pela mídia, desde alunos de academias a jogadores de futebol profissional e corredores amadores. Como explicar isso de maneira clara sem terrorismo científico? Está havendo uma explosão de mortes súbitas no esporte? Como agir?
De início esclareço que o número de mortes súbitas é muitíssimo baixo no Brasil e no mundo, mas causam uma enorme repercussão na população. O papel do médico neste momento é claro, não desprezar o fato em si, mas ressaltar que o sedentarismo é fator de risco negativo poderoso, que deve ser combatido em alto e bom som, pois leva à morte milhões de pessoas pelo mundo. A OMS calcula que seja ao redor de 3,5 milhões por ano o número de pessoas que morrem por conta do sedentarismo e suas consequências no mundo.
Então o porquê dessas mortes súbitas? Várias são as hipóteses. Os atletas e esportistas que faleceram em 95% dos casos tinham uma causa médica (doenças do coração genéticas como as várias arritmias, ou então as causas cardiocirculatórias adquiridas como infarto do coração, derrame cerebral, embolia pulmonar, outras sofreram anormalidades por conta de fatores ambientais como hipertermia (altas temperaturas do atleta), desidratação e hiponatremia (baixos índices do sódio), miocardites (inflamação do coração) por viroses. E outra causa é o uso sem indicação médica, e pior, desnecessária de algumas substâncias medicinais, como os esteroides anabolizantes, os hormônios (GH e DHEA), além dos ilegais termogênicos e narcóticos (maconha e cocaína).
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Para evitar uma surpresa, procure um médico e conheça as respostas do seu corpo na prática esportiva, não consuma suplementos e substâncias sem orientação de médico ou nutricionista competentes e conhecedores da atividade esportiva. Tenha um profissional diplomado de educação física ou fisioterapia para te orientar a não ultrapassar os limites seguros da boa prática física.
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Todos são inocentes até que se prove o contrário, mas é improvável no esporte bem praticado, morrer sendo totalmente sadio, a não ser pelo que sempre afirmamos nas nossas palestras desde 1995, que o “exercício físico ou esporte não mata, e sim o que leva à morte são doenças não valorizadas ou desconhecidas pelo esportista, os excessivos abusos físico-esportivos e o consumo ilegal de drogas lícitas (medicamentos) e ilícitas (narcóticos)”.
Fonte: Globo Esporte