A vida dos profissionais de saúde é muito corrida e muitas vezes esquecemos de cuidar de nós mesmos. Gastamos o que ganhamos e esquecemos de nos preparar para a nossa aposentadoria.
Ao passar da vida, fazemos diversos questionamentos sobre o passado analisando os erros, acertos, arrependimentos, realizações e tudo que poderia ter sido melhor. Esta reflexão vem acompanhada de maturidade e muita imaginação, no entanto o passado nunca poderá ser mudado, apenas o futuro.
Neste caso a pergunta não se trata “O que eu poderia ter feito diferente?”, mas sim do “O que eu posso fazer diferente?”. Mas afinal, o que realmente queremos? A resposta é obvia: ter um bom carro, viajar pelo mundo, ter um bom emprego e de preferencia não trabalhando muito e com boa remuneração, uma família linda e saldável.
Mas não se conquista tudo isso sem ter um bom planejamento, projeto de vida e um caminho bem determinado. Bem como o que você está disposto a fazer, abrir mão ou renunciar para ter determinados benefícios no presente e futuro. A falta de uma visão clara sobre o que realmente importa e a relação disso com suas finanças pessoais, torna a vida a soma de diversos acasos e não uma história construída a partir da sua própria criação.
Aposentar não quer dizer apenas parar de trabalhar e/ou ter dinheiro suficiente para manter o seu padrão de vida, mas vejo como poder olhar para trás, perceber que sua vida foi construída a partir de um projeto de vida e ao olhar para frente você ainda tem um legado para ser desenvolvido.
A australiana Bronnie Ware, é uma enfermeira que passou muitos anos acompanhando o tratamento de pacientes nos últimos três meses de vida. Por meio desta vivência Bronnie escreveu um livro chamado”The top five regrets of dying” (Top cinco arrependimentos daqueles que estão para morrer).
No livro a enfermeira conta que pacientes ganhavam uma clareza de pensamento incrível no fim de suas vidas em que podemos aprender muito com esta sabedoria. Em entrevista ao jornal britânico “The Guardian”, Bronnie listou os cinco arrependimentos:
Eu gostaria de ter tido a coragem de viver a vida que eu quisesse, não a vida que os outros esperavam que eu vivesse
“Esse foi o arrependimento mais comum. Quando as pessoas percebem que a vida delas está quase no fim e olham para trás, é fácil ver quantos sonhos não foram realizados. A maioria das pessoas não realizou nem metade dos seus sonhos e têm de morrer sabendo que isso aconteceu por causa de decisões que tomaram, ou não tomaram. A saúde traz uma liberdade que poucos conseguem perceber, até que eles não a têm mais.”
Eu gostaria de não ter trabalhado tanto
“Eu ouvi isso de todo paciente masculino que eu trabalhei. Eles sentiam falta de ter vivido mais a juventude dos filhos e a companhia de seus parceiros. As mulheres também falaram desse arrependimento, mas como a maioria era de uma geração mais antiga, muitas não tiveram uma carreira. Todos os homens com quem conversei se arrependeram de passar tanto tempo de suas vidas no ambiente de trabalho.”
Eu queria ter tido a coragem de expressar meus sentimentos
“Muitas pessoas supriram seus sentimentos para ficar em paz com os outros. Como resultado eles se acomodaram em uma existência medíocre e nunca se tornaram quem eles realmente eram capazes de ser. Muitos desenvolveram doenças relacionadas à amargura e ressentimento que eles carregavam.”
Eu gostaria de ter ficado em contato com os meus amigos
“Frequentemente eles não percebiam as vantagens de ter velhos amigos até ales chegarem em suas últimas semanas de vida e não era sempre possível rastrear estas pessoas. Muitos ficaram tão envolvidos em suas próprias vidas que eles deixaram amizades de ouro se perderem ao longo dos anos. Tiveram muitos arrependimentos profundos sobre não ter dedicado tempo e esforços às amizades. Todo mundo sente falta dos amigos quando está morrendo.”
Eu gostaria de ter me permitido ser mais feliz
“Esse é um arrependimento surpreendentemente comum. Muito só percebem isso no fim da vida que a felicidade é uma escolha. As pessoas ficam presas em antigos hábitos e padrões. O famoso “conforto” com as coisas que são familiares. O medo da mudança fez com que eles fingissem para os outros ou para si mesmos que eles estavam contendes quando, no fundo, eles ansiavam por rir de verdade e aproveitar as coisas bobas em suas vidas de novo.”
Muitas pessoas são coadjuvantes da sua própria história de vida, ao deixar que o acaso e acontecimentos deixem levar a sua vida, no entanto muitos outros optam por ser o protagonista, que neste caso assume a liderança e o risco da construção de uma história.
Todos os aspectos listados pela enfermeira Bronnie Ware, de esbarram de alguma forma indireta na questão financeira, em que muitos casos tornam-se o vilão ao invés de ser um aliado na realização da sua melhor versão. Desculpas não deixam de ser desculpas, mas sempre serão desculpas.
Fonte: academia Médica