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Discurso de posse na presidência da primeira diretoria da Federação Médica Brasileira

É com imensa satisfação, que falo em nome dos sindicatos médicos do Acre, Alagoas, Amapá, Anápolis, Campinas, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, Sorocaba, São Paulo e Tocantins.

Neste dia histórico, estes sindicatos fundaram a Federação Médica Brasileira. Federação interestadual, que irá representar os interesses dos sindicatos e de mais de 180.000 médicos da sua base.

Vários aspectos da conjuntura médica nacional nos levaram a esta iniciativa. São eles:

O avanço da precarização das relações e das condições de trabalho dos médicos nos setores público e privado (bolsas do PROVAB, bolsa do MAIS MÉDICOS, Pejotização, falsas cooperativas, contratos de boca, dentre outros);

A falta de políticas permanentes e eficientes de Recursos Humanos, que possibilitem a disponibilidade de profissionais médicos, de maneira sustentável em todo o território nacional – substituídas por iniciativas desestruturantes do sistema de saúde, como a importação de profissionais estrangeiros de qualidade duvidosa, posto que, não foram submetidos ao processo de revalidação de seus diplomas médicos;

A crescente desvalorização do trabalho médico, com grande prejuízo na qualidade da assistência médica;

A mais absoluta ineficácia das políticas de qualificação da formação de médicos no país;

A perversa política de desestruturação do processo de pósgraduação médica (Residência Médica), prejudicando a boa formação de especialistas no país;

A crescente onda de transferência da gestão na saúde pública para Organizações Sociais e Fundações Públicas de Direito Privado;

A abertura indiscriminada e irresponsável de Escolas de Medicina, sem a mínima garantia de qualidade docente e infraestrutura para o ensino;

A proletarização do trabalho médico na saúde suplementar;

O aumento da insegurança dos médicos no ambiente de trabalho, assédio moral, agressões físicas e até detenções arbitrárias.

Todas estas situações, demonstram a necessidade cabal da existência de uma Organização Sindical Nacional forte e capaz de canalizar todos os anseios da categoria médica, representativa de todas as regiões e organismos de base, presente no fortalecimento de cada entidade filiada; não intervencionista, democrática, de grande ação política;  apartidária; solidária com as demais entidades médicas brasileiras, entidades médicas internacionais e com os movimentos dos demais trabalhadores do país e do mundo.

Esta entidade, nasce com princípios profundamente discutidos e que irão embasar sua atuação política:

Democracia participativa: Entendida como respeito e estímulo à participação de todos os seus sindicatos médicos no processo de tomada de decisão interna, respeito às particularidades regionais e à autonomia dos sindicatos;

Unidade na diversidade: Unidade em torno de princípios democráticos e fundada na diversidade de opiniões e experiências de cada sindicato e de cada dirigente. Esta rica diversidade, unificada nos propósitos fundamentais da entidade, é o amálgama que nos dará força e efetividade nas ações;

Compromisso com o médico, a medicina e a saúde: Iremos lutar, sem trégua, pelos legítimos interesses dos médicos; defender a medicina de qualidade; pugnar pela saúde adequada e acesso à assistência médica para toda a população;

Independência e autonomia: A Federação Médica Brasileira, declara sua plena independência política em relação a quaisquer governos e partidos políticos. Nosso compromisso inarredável é com a luta dos médicos por melhores condições de trabalho, boa remuneração e dignidade no exercício da profissão;

Por fim e não menos importante:

Compromisso com o povo brasileiro: tanto na luta por um Sistema Único de Saúde de qualidade, integral, equitativo e com acesso universal, como com os princípios da democracia, enquanto valor universal, com promoção da justiça social e defesa dos direitos humanos.

A hora é agora! Momento de transformar a história da organização sindical médica brasileira, em uma história de homens e mulheres compromissados com a categoria e, sobretudo, com saúde de qualidade para a população brasileira.

Para concluir. Breves palavras à primeira diretoria da Federação Médica Brasileira. É uma diretoria composta por integrantes de todos os sindicatos fundadores. Mescla sindicalistas experientes e jovens sindicalistas. Representativa de todas as regiões brasileiras. Mulheres e homens comprometidos com a renovação do movimento sindical médico nacional. Teremos muito trabalho e desafios. “A messe é grande e os operários são poucos”. Mas, se cada um de nós fizermos nossa parte, faremos muito e iremos vencer.

Muito obrigado!

Waldir Cardoso

Belém, 27.11.2015